Espetáculo Teatral: A Exceção e a Regra

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:

  • Aprofundar as relações do teatro com a educação, cogitando uma função social da arte que não seja apenas a de mercadoria de entretenimento, mas de instrumento de formação humanística e crítica.
  • Discutir a relação de opressão no trabalho

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Este é um grupo multi-seriado de alunos da EJA, inclui 11 de alfabetização e 17 de terceiro termo, é composto por 13 mulheres de idade que variam entre 28 a 62 anos, e por 15  homens na faixa etária entre 27 a 71 anos, de uma escola municipal na periferia de São Bernardo do Campo,   no Grande ABCD, cidade de São Paulo.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Assistir a peça, discutir com o grupo; relacionar as obras de Portinari

Recursos necessários para aplicação:
Acessar o site www.berinjelaflmes.com.br; letra da musica para todos lerem; aparelho de som, CD da música Menino Guerreiro, de Fagner.

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Terezinha Peluchi – Pedagoga, pós-graduada em supervisão escolar e professora atuando na Secretaria de Educação- Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo, e Secretaria Educação da Prefeitura de São Paulo.

DATA: 07/03/2011 – TÍTULO DA  ATIVIDADE
ESPETÁCULO TEATRAL: ‘A EXCEÇÀO E A REGRA’
DE BERTOLT BRECHT

DESENVOLVIMENTO

Esta semana os alunos assistiram uma apresentação teatral na escola intitulada “A Exceção e a Regra”, montagem do grupo coletivo Núcleo 2.  Com um texto de Bertolt Brecht realizamos uma reflexão sobre o mundo do trabalho, mais propriamente sobre a relação de trabalho típica do sistema capitalista.  Os alunos participaram ativamente do espetáculo, na dinâmica da peça os espectadores puderam refazer as ações, propondo novas soluções para os conflitos da trama, que expõe as contradições do capitalismo entre capital e trabalho, incluindo a relação de exploração e subordinação vividas por um homem que depois de servir ao seu empregador como carregador de bagagens recebeu a morte como remuneração. Durante a apresentação os educandos verbalizaram que muitos deles passavam por situações semelhantes com as do carregador., sendo humilhados em seus trabalhos…Ao terminar o espetáculo os atores levaram o público a questionar sobre os sofrimentos que o empregado passou e se eles acreditavam que a realidade daquele personagem poderia ser modificada dentro deste sistema em que vivemos. Alguns educandos conseguiram intervir com  idéias que poderia mudar o final trágico, mas as falas eram sempre dentro do sistema capitalista.

No dia seguinte, iniciei a aula entregando para cada dupla uma tela de Portinari sobre o mundo do trabalho e realizei a leitura da música Menino Guerreiro de Fagner, pedi para que  traçassem as relações existentes entre as imagens, a letra da música, suas vidas e todos os conteúdos trabalhados anteriormente sobre o mundo do trabalho, logo após a análise dos materiais houve o momento da socialização em que Eleomar relatou que:

“…quando cheguei em casa recordei-me da peça de teatro e pensei que eu não sou     feliz em meu trabalho como carregador, o quanto ele era invisível para as pessoas que trabalhavam no escritório ou em cargos mais elevados que o meu.”

Sr. José Manoel, logo se colocou dizendo:
“…que trabalho nenhum é bom e que ele trabalha só para sustentar sua família”.

Uma senhora Dona Isabel disse:
 “…que agora esta aposentada que não dá mais um dia de trabalho para ninguém, pois os patrões que ela teve nunca valorizaram seus esforços.

AVALIAÇÃO

Percebemos claramente nos relatos que são inúmeras as frustrações vivenciadas pelo homem dentro do mundo do trabalho. As relações entre homem e trabalho geralmente estão bloqueadas pelas cruéis estruturas das organizações do sistema capitalista que visa apenas o lucro, esquecendo-se do homem como agente de transformação. É uma atividade muito dinâmica, houve a participação dos alunos com muito interesse e revolta, na sua maioria, não tem uma boa relação de prazer no seu trabalho.

 

MÚSICA:  MENINO GUERREIRO DE FAGNER
Composição: Gonzaguinha

Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem perfeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz

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