Práticas com dinheiro alternativo

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:

  • Realizar a correspondência entre valores monetários e quantidades em situações problemas simples;
  • Criação de moeda alternativa;
  • Vivencia com princípios solidários.

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Este é um grupo multi-seriado de alunos da EJA, inclui 11 de alfabetização e 17 de terceiro termo, é composto por 13 mulheres de idade que variam entre 28 a 62 anos, e por 15  homens na faixa etária entre 27 a 71 anos, de uma escola municipal na periferia de São Bernardo do Campo,   no Grande ABCD, cidade de São Paulo.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Prática do mercado negociando a compra e venda de produtos.

Recursos necessários para aplicação:
Dinheiro pedagógico, leitura do texto de apoio, embalagens vazias para o mercado

Breve currículo da autora da prática pedagógica:
Terezinha Peluchi – Pedagoga, pós-graduada em supervisão escolar e professora atuando na Secretaria de Educação- Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo e Secretaria Educação da Prefeitura de São Paulo.

DATA: 26/06/2011 – TÍTULO DA AULA:
PRÁTICAS COM DINHEIRO ALTERNATIVO

Apesar de já ter trabalhado com os alunos varias atividades envolvendo o sistema monetário, e mesmo a vivencia que eles têm em manusear dinheiro achei que não fossem encontrar dificuldades. Para minha surpresa o diagnóstico indicou que não conseguiam realizar a correspondência entre valores monetários e as quantidades em situações problemas simples, mais os alunos de alfabetização e também alguns do terceiro termo.

Propus a prática do mercado negociando a compra e venda de produtos, que no caso em embalagens diversas vazias com “dinheirinho” que seria a nossa moeda. Então li o texto abaixo sobre dinheiro alternativo – uma pratica na economia solidaria (eles já sabiam o que é ECOSOL), discutimos diferenças entre o dinheiro convencional e esta nova proposta e se alguém já conhecia esta prática.  Então a Antonia comentou:

“Sim, professora meu irmão na Bahia me contou de umas pessoas que tinham um dinheiro diferente, mas eu não me lembro o nome.”

Aqui no bairro de vocês existe uma moeda local? A Neide falou:
“Aqui não tem, esta economia solidaria não chegou ainda, nem tem banco aqui, não é seu Zé.”

Assim vários outros comentários surgiram. Com esta atividade foquei os objetivos em conhecer o sistema de moedas sociais e locais, e resolver situações problemas construindo significados da adição e subtração utilizando o sistema monetário tradicional.

Primeiramente, discutimos como iria chamar a nossa moeda então saíram muitas sugestões como: Vila São Pedro, Compra tudo, Boa, Crepes, Zum, enfim saíram muitas sugestões, então depois de uma votação  batizamos a nossa moeda local Zum.
Ela serviria como base para se comprar os produtos no mercado. Propus que todos iriam comprar e vender em duplas, dei a quantidade de ZUM$ 90,00 para todos gastarem teriam que saber o preço, comprar passar troco, ir na carteira registrar o que comprou (nome do produto e  valor), ver quanto sobrou e ir comprar novamente. Assim foi o movimento, enquanto uma dupla ia comprando os outros estavam registrando. Houve muita troca e brincadeira criou-se um clima de descontração com os produtos que estavam à venda e com os interesses por eles.

Pelos resultados que observei dos cálculos, executaram bem tanto subtração de quanto tinham restado de dinheiro quanto à soma das quantidades compradas, claro que alguns como Sr. José Manoel e Gracineide fizeram cálculos mentais e só registraram os resultados não se apropriando do percurso, do procedimento. Eles entenderam bem a proposta, foi uma atividade prática que recomendo para turma de alfabetização e para melhor entendimento do sistema monetário.

ASPECTO TEÓRICO: DINHEIRO ALTERNATIVO

AUMENTA NO MUNDO O NÚMERO DE MOEDAS SOCIAIS, CRIADAS PARA ESTIMULAR O COMÉRCIO LOCAL
Renata Cabral

À primeira vista, as notas parecem saídas de um jogo, um dinheiro de mentira, de pouco ou nenhum valor. Apesar dessa aparência, algumas cédulas criadas para circular em pequenas localidades, as chamadas moedas sociais ou locais, estão sendo levadas muito a sério. Na Inglaterra, o bairro londrino de Brixton adotou no mês passado uma que leva seu nome. É a quarta iniciativa do tipo no país, que conta ainda com os totnes, os lewes e os stroud pounds. Essas moedas têm o mesmo valor do dinheiro vigente, mas, por conta de descontos oferecidos por comerciantes locais, dão a chance de o consumidor ir para casa com a sacola de compras mais cheia. No Brasil, há 47 cédulas paralelas circulando no território nacional. Castanhas, maracanãs, feiticeiros, cocais, bens e outras de nomes criativos convivem com o real em nove Estados. E recebem apoio do governo federal e de órgãos oficiais.

No Conjunto Palmeiras, bairro pobre de Fortaleza, no Ceará, nasceu há dez anos a palma, a primeira moeda social de que se tem notícia no País. O Instituto Palmas conta hoje com um banco comunitário, que tem parceria com o Banco do Brasil, mas começou com R$ 2 mil de doações. Hoje, 93% dos moradores compram produtos do bairro. Essa é a principal preocupação dos defensores da moeda local: fazer com que o dinheiro da comunidade circule o maior tempo possível dentro dela e não caia nas mãos de grandes redes comerciais. “Não queremos ser uma ilha, mas lutamos para empregar a todos”, afirma Joaquim Melo, líder comunitário e coordenador do banco Palmas.

Como em outras experiências brasileiras, os salários e os empréstimos bancários na região podem ser concedidos parte em real, parte em palmas. Para a costureira e hoje empresária Darcília Lima e Silva, 55 anos, o crédito foi fundamental para a criação da grife de jeans Palma Fashion. “Não passamos mais dificuldade em casa”, diz ela, que tem 15 funcionários da comunidade, entre eles seus três filhos.

“Quanto menor a escala, mais chances de dar certo”, explica o professor da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro Francisco Barone. Assim, é mais fácil distribuir a riqueza e coibir a falsificação das notas. “A moeda social não compete com a oficial, porque não há nenhum objetivo de expansão”, ressalta Haroldo Mendonça, coordenador-geral de comércio justo e crédito do Ministério do Trabalho e Emprego. A circulação de outra moeda é um fato pitoresco, mas vem sempre acompanhada da implantação de políticas de economia solidária, como a criação de bancos comunitários ou clubes de troca, para sustentar o modelo.

Revista Isto É Independente – N° Edição: 2082 | 07.Out.09

 

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