Música Cidadão – Zé Geraldo

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:

  • Mobilizar conhecimentos prévios sobre o gênero textual;
  • Ler articulando capacidades de decifração com as de compreensão;
  • Escutar letras de canções;
  • Localizar as rimas;
  • Trabalhar princípios de economia solidária.

 

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Este é um grupo multi-seriado de alunos da EJA, inclui 11 de alfabetização e 17 de terceiro termo, é composto por 13 mulheres de idade que variam entre 28 a 62 anos, e por 15 homens na faixa etária entre 27 a 71 anos, de uma escola municipal na periferia de São Bernardo do Campo, no Grande ABCD, cidade de São Paulo.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Ouvir a musica; leitura compartilhada da letra; discussão e entendimento do texto.

Recursos necessários para aplicação: Rádio, CD

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Terezinha Peluchi – Pedagoga, pós-graduada em supervisão escolar e professora atuando na Secretaria de Educação – Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo e Secretaria Educação da Prefeitura de São Paulo.

 

DATA: 30/05/2011
TITULO DA AULA: MUSICA CIDADÃO – ZÉ GERALDO
Composição de Lucio Barbosa

DESENVOLVIMENTO

Ouvimos a música, depois entreguei as duas folhas com a letra, então ouvimos novamente acompanhando e lendo (mesmo sem saber ler) o texto. Após perguntei o que acharam da música e letra? Disseram que gostam desta letra é emocionante. Fiz alguns questionamentos para o entendimento da letra, como: no trecho “mas me chega um cidadão”, quem é o cidadão? Respondem que é o sindico. “E me diz desconfiado, tu to aí admirado ou ta querendo roubar”? Respondem que acham que ele é ladrão, que se trata de preconceito. “Por que diz: – esta dor doeu mais forte”, porque ele se doeu pela filha, responde Francisco, completo sua filha foi discriminada também como ele. Porque o operário é tão discriminado? Acham que não tem como lutar sozinho, o poder é muito forte, professora. Que poder? Pergunto. O poder o dinheiro. Existe outra forma dele trabalhar sem sentir-se sozinho? É difícil professora, diz Neide. Então digo que poderia trabalhar em uma cooperativa juntando forças com demais trabalhadores.

Em seguida pedi para localizarem as palavras que rimam e copiar listando no caderno.

 

AVALIAÇÃO

Foi muito triste ouvir o Francisco Morais declarar que é a mais bela aula que eu já tinha dado, pois esta letra descreve sua vida (e fica emocionado), quando chegou a São Paulo trabalhou como ajudante de pedreiro… Mas quando falo em cooperativas fica uma dúvida no olhar, ainda não conseguem enxergar. Foi um momento muito proveitoso em que consegui atingir os objetivos propostos, estão ficando mais críticos, mas ainda não entendem direito ler e entender nas entrelinhas, principalmente letras de musicas que se utiliza de uma linguagem figurada, vejo necessidade de trabalhar outras músicas, pois acabam por colocar nas mãos de Deus e ele que tome conta…

CIDADÃO
Autor: Lucio Barbosa

Tá vendo aquele edifício moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje depois dele pronto
olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
e me diz desconfiado, tu tá aí admirado
ou tá querendo roubar?
Meu domingo tá perdido
vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
eu nem posso olhar pro prédio
que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
aqui não pode estudar
Esta dor doeu mais forte
por que que eu deixei o norte
eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
e o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
não se deixe amedrontar
Fui eu quem criou a terra
enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
e na maioria das casas
Eu também não posso entrar
Fui eu quem criou a terra
enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
e na maioria das casas
Eu também não posso entrar

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