Encontro de Professores em busca de novas alternativas

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:
Conhecer e refletir o universo do trabalho buscando novas alternativas dentro dos princípios da Economia Solidaria para novas possibilidades de trabalho com os alunos Jovens e Adultos.

Características do grupo a quem foi aplicada a prática:
Professores e gestores da Rede Pública Municipal de Santo André – EJA

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:

  • Leitura individual dos textos
  • Socialização de ideias e registros individuais.
  • Reflexão com as considerações finais.

Recursos necessários para a aplicação:
Texto: Economia Solidária Uma Aproximação ao Programa Supletivo Profissionalizante “Educação dos Trabalhadores pelos Trabalhadores”.
Currículo da EJA – Santo André

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Isabel Mayer Bonilha – Professora da Rede Pública de Santo André há 26 anos e São Bernardo 10 anos, que atuou em sala de aula Educação Infantil, Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, Diretora de 1992 a 1996, e atualmente desde 2009 como Assistente Pedagógica da Educação de Jovens e Adultos, com Formação no Magistério, Pedagogia e Pós em Psicopedagogia.

3ª Atividade – Plano de aula
Proposta para Formação de Professores e Coordenadores da Rede Municipal de Ensino de Santo André.
Público alvo: professores e coordenadores das EMEEIF’S e Centros Públicos do Município de Santo André.
Tema: Rediscutindo o Currículo da Educação de Jovens e Adultos a partir da proposta da Economia Solidária.

Atividade:

  •     Leitura do texto: Economia Solidária Uma Aproximação ao Programa Supletivo Profissionalizante “Educação dos Trabalhadores pelos Trabalhadores”.
  •     Reflexão e discussão com base no texto e no currículo da Educação de Jovens e Adultos.
  •     Encaminhamentos de propostas a partir do conhecimento sobre um novo olhar para o mundo do trabalho e a formação dos alunos trabalhadores da EJA.

Objetivo:
Conhecer e refletir o universo do trabalho buscando novas alternativas dentro dos princípios da Economia Solidaria para novas possibilidades de trabalho com os alunos Jovens e Adultos.

Metodologia:
Encontro de uma hora com professores e gestores no Centro Público Maria Lacerda de Moura.

Resultado do encontro: espera-se que a proposta possibilite aos participantes repensarem suas práticas e avançarem na reflexão dos conteúdos já existentes no currículo da EJA a fim de proporcionar aos alunos trabalhadores aprendizagens significativas e alternativas para o mundo do trabalho dentro dos princípios da Economia Solidaria.

Registro reflexivo da 3ª Atividade

Este encontro aconteceu no Centro Público Maria Lacerda de Moura no Bairro Jardim do Estádio na Cidade de Santo André pôde contar com a presença de gestores e educadores que atuam na Rede Municipal de Santo André:

Professora: Janete Aparecida Rocha que atualmente está na função de Gerente Pedagógica da EJA – com formação em Pedagogia especialização em Psicopedagogia e mestre em Educação atua na rede há 30 anos.
Professor: Flávio Ventura que atualmente está na função de Serviços Educacionais – com Formação em Letras, atua na rede há 14 anos e que participa do Projeto da Universidade no Curso de Especialização em Economia Solidária.

Professora: Maria do Socorro Lopes Albuquerque que atualmente está na função de Assistente Pedagógica atuante na rede há 12 anos e 24 anos no magistério com Formação em Pedagogia e Especialização em Psicopedagogia e que participa do Projeto da Universidade no Curso de Especialização em Economia Solidária.

Professora: Maria Aparecida Rodrigues que atualmente está na Função de Assistente há dois anos com Formação Específica no magistério, Pedagogia com Administração Escolar e Orientação Escolar com Especialização em Psicopedagogia, atua neste serviço desde os anos 90, com 25 anos no magistério e participou de todo o processo histórico na Formação dos Professores e na Construção do Currículo da EJA em Santo André.

Os participantes trouxeram as seguintes ideias, constatações e sugestões:

Professora: Janete Aparecida Rocha
A educação de Jovens e Adultos (EJA) tem um grande desafio: o de realfabetizar, desinibir e motivar seu aluno a ler, compreender textos e a produzir outros, ser capaz de emitir opiniões, pois são esses os objetivos básicos de EJA para o processo de ensino aprendizagem.

A Lei Orgânica do Município de Santo André de 1990 afirma no Capítulo III, Artigo 243: “a educação direito de todos, é dever do Estado e da sociedade e deve ser baseada nos princípios da democracia, liberdade de expressão, solidariedade e respeito aos direitos humanos, visando a se constituir em instrumento de desenvolvimento da capacidade de elaboração e reflexão critica da realidade”.

Visando o cumprimento da Lei e atendimento aos alunos, a Secretaria de Educação, por meio da Educação de Jovens e Adultos, procura atender as necessidades dos alunos oferecendo não só as aulas das disciplinas comuns, mas outras atividades que possa contribuir para o desenvolvimento cultural, artístico, tecnológica e preparo para o mundo do trabalho. Nesse sentido, o trabalho educativo com economia solidária vem contribuir no desenvolvimento de uma consciência social, ética comprometida com o bem comum.

Professor: Flávio Ventura
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino cujo objetivo é permitir que pessoas adultas, que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola na idade convencional, possam retomar seus estudos e recuperar o tempo perdido.
Para uma pessoa adulta que retoma seus estudos, o desejo maior é o de se preparar para o trabalho, de ter autonomia e de se dar bem profissionalmente. A abordagem metodológica neste sentido não deve ser desenvolvida com os mesmos parâmetros utilizados para se trabalhar com crianças. Um aluno com idade de 30 anos, por exemplo, retomando os anos escolares correspondentes ao 4º ano do ensino fundamental não se interessará por uma atividade caracterizadamente infantil. Daí a necessidade de abordar conteúdos equivalentes, mas com uma linguagem adulta e que vá ao encontro daquilo que esse público deseja.

A educação é o maior e melhor instrumento gestor de mudança, através dela o homem consegue compreender melhor a si mesmo e ao mundo em que vive, dessa forma, a própria educação deve ser a primeira a aceitar e a acompanhar o desenvolvimento e suas especificidades, ou seja, renovar e promover a interação com o novo.

Professora: Maria do Socorro Lopes Albuquerque
A inserção do tema “Economia Solidária” no currículo da Educação de Jovens e Adultos seria um ganho, tanto para os educadores, que iam sentir-se inovadores, proporcionando “saberes diferentes”. Culminando numa mudança educacional e cultural, como para os educandos que conheceriam novas formas de sobrevivência; não enxergariam apenas o emprego formal como solução, e como é citado no texto: “seriam considerados sujeitos da ação, superando a mentalidade submissa que o capitalismo vem impondo desde a sua origem”.

É claro que para este tema ser abordado, os educadores precisam ter conhecimentos significativos sobre o mesmo e acreditar… Conhecer para transformar o capitalismo.

Professora Maria Aparecida Rodrigues
O aluno da EJA busca na escolarização formas de inclusão social ou ascensão. Contudo, quando busca essa melhoria no mercado de trabalho convencional não encontra ecos ao seu esforço. O mercado de economia capitalista baseado em oligopólios e monopólios subtrai qualquer possiblidade de decisão, de compreensão do processo produtivo, e esse se mantem como mão de obra barata, sem meios de produção e sem condições de competir com o mercado de grandes empresas (em qualquer setor)
A permanência na escola se revela um engodo, pois o conhecimento adquirido não da conta das necessidades pratica e cotidianas, nem promove a melhoria de vida esperada.

A economia solidaria seria uma proposta que por fim pode indicar uma alternativa onde outras não trouxeram respostas aos anseios do aluno trabalhador, seja de dar chances de estar no mercado de trabalho com ganhos mais justos, de forma solidária e cooperativa, e em a que o conhecimento esteja diretamente relacionado às necessidades de produção, e oportunizam experiências democráticas e de participação de decisões coletivas.

Conhecimento instrumentalizando o processo produtivo, processo produtivo pedindo por conhecimento. Conhecimento e função social

A experiência de gestão democrática, de cooperativismo oferecendo novas logicas de produção, quem sabe de organização social, a autoestima necessária às mudanças, acreditar nas possibilidades, em suas próprias e do grupo. Reverter a partir dela as outras relações, familiar, escolar e em outras.

Esta experiência com gestores e educadores é a constatação que saber ouvir e ser ouvido, viver e conviver entre os diferentes, buscar conjuntamente as soluções para os problemas e assim somar novos saberes com práticas em Economia Solidária, que se inscreve no longo processo de resistência de proposição que os trabalhadores iniciaram, desde o começo da revolução industrial e que ainda no acontece no desenvolvimento do Curso Profissionalizante do CEEP de forma integral como diz o texto que refletimos, mas que se torna no momento referência de estudo e de práticas para alunos da Universidade ABC de Pós Graduação em Economia Solidária e para este pequeno grupo de gestores e professores.

Acredito que a Educação de Jovens e Adultos vivida nas escolas por nós na atualidade não mais atende totalmente as necessidades de nossos alunos trabalhadores excluídos da sociedade, professores e gestores, para tanto podemos dizer que uma nova escola deva ter como base uma concepção de educação que contribua na formação de um cidadão criativo, critico, solidário e com a capacidade de intervenções dos processos sociais.

A pessoa é concebida com um ser que se autoconstrói nas relações que estabelece consigo, com a natureza e com os seus semelhantes, nas condições concretas do momento histórico vivido (…).

A proposta curricular para a Economia Solidária exige um “currículo em ação” onde, a cada passo, escolhas e procedimentos são revistos. Nesta concepção, currículo é confronto coletivo de saberes: o saber escolar/seleção de conteúdos do saber sistematizados e o saber popular, que o aluno/coletivo representa e que é resultado das formas ou nada sistematizadas, que por classes populares criam na vivência cotidiana dos problemas que enfrentam. (Garcia, 1984; kruppa, 1995).

Esse quadro foi construído no grupo de Assistente Pedagógica na Formação com o Instituto Caleidos com a professora Josca Ailine Baroukh, na Rede Municipal de Santo André no ano passado – 2011 com o objetivo discutir no grupo de professores possíveis transformações para o Currículo para a EJA.

O quadro reforça se assim posso dizer que estamos no caminho, pois a articulação de saberes não é linear ou simplesmente complementar, é conflitante. São diferentes os saberes: aqueles advindos de trajetórias pessoais dos educadores e dos saberes da Universidade confrontados/expostos aos saberes da população com quem se trabalha (suas histórias e seus conhecimentos) construindo um “saber novo” pelo Currículo em ação. Saberes que são mediatizados por um tempo e um lugar, contextualizados nos problemas/características históricas do Brasil e do mundo atual onde a prática em economia solidária possa ampliar incluir e transformar, visto que o modelo atual capitalista já não mais atende totalmente as nossas necessidades.

Estar em contato com professores na Universidade com colegas de classe, as atividades no polo Santo André, as minhas experiências em sala de aula me fez refletir sobre minha responsabilidade o quanto se faz importante à valoração. “A paixão que tenho pela Educação”.

Acredito que precisamos com urgência aprender a exercitar a democracia, solidariedade e autonomia nas escolas, conhecendo a realidade de nossos alunos que serve de mediação investigativa e marcam o diálogo entre educadores/as e educandas/os e educando/as entre si, em busca de uma linguagem democrática e autogestionária, acredito ser este um caminho possível para que cada Escola inicie o trabalho para a construção de um Currículo mais significativo para alunos da EJA.

O curso oferecido pela Universidade ampliou meu olhar para tanto se faz necessário dar continuidade a este que inicialmente nos foi colocado como Projeto Piloto da Universidade e que espero que se torne instrumento de transformação para outros educadores, pois acredito que:

A educação é uma peça fundamental. É ferramenta para as pessoas buscarem sempre um meio de se saírem bem das armadilhas que são impostas na sociedade… (Aloísio, bancários).

E os Princípios da Economia Solidária vem demonstrar que podemos vencer estas armadilhas e porque não pelas mãos solidárias dos educadores!

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