Práticas coletivas e solidárias em grupo de trocas

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:
Apresentar práticas coletivas e solidárias através de grupo de troca.

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Alunos do primeiro segmento (pós alfabetização) da Educação de Jovens e Adultos. Grupo com a maioria das pessoas acima de 30 anos de idade, sendo um único componente do grupo adolescente. Total: 12 participantes.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Realização de grupo de troca como evento com duração de um dia, dentro do ambiente escolar. Atividade realizada durante três aulas. Primeira aula: apresentação do que é economia solidária e proposta da realização de um grupo de troca. Segunda aula: Discussão de como seria o esquema de troca, criação de uma moeda social e organização do evento. Terceira aula: Nomeação de três participantes para dar valor aos objetos, distribuição da moeda social em valores iguais para cada elemento do grupo. Realização do grupo de troca e avaliação do resultado.

Recursos necessários para aplicação:
Vídeo sobre economia solidária. Espaço para realização do grupo de troca. Impressão da moeda social.

Breve currículo da autora da prática pedagógica:
Maria Lúcia Barbosa Zemczak; Professora Assistente de Direção na Rede Municipal de São Bernardo do Campo, atendendo à EJA. Possui seis anos de experiência em EJA, pela Rede Municipal de São Bernardo do Campo.

Essa atividade foi desenvolvida com um grupo de alunos atendidos na Pós Alfabetização, equivalente ao 3º e 4º termos da EJA. Essa turma é composta de 12 alunos sendo 8 mulheres e 4 homens. Na sua maioria são acima de 30 anos e apenas um jovem adolescente participa desse grupo que hoje, está inteiramente integrado à turma.

Planejamos a professora e eu, o grupo de troca com esses alunos porque eles já vinham discutindo, no eixo trabalho, outras possibilidades de trabalho ou geração de renda. É importante frisar que, mesmo como gestora, tenho por hábito participar de algumas aulas ou outras atividades, portanto foi muito tranqüilo a minha participação durante todas as aulas que envolveram essa atividade.

No primeiro momento fizemos alguns questionamentos em relação a trabalho e remuneração. Todos citaram que trabalham, uns com autônomos, outros com registro em carteira, algumas mulheres são diaristas, outras são apenas donas de casa e algumas, além de trabalhar fora, fazem artesanatos para vender (pintam panos de pratos e fazem o crochê como acabamento).

A seguir fizemos a pergunta: “E as pessoas que estão desempregadas, que não conseguem nenhum trabalho mesmo avulso?” “Como elas poderiam ter uma fonte de renda?” Como elas poderiam se organizar para ter outra forma de obter os bens necessários para sua sobrevivência?”
Alguns alunos chegaram a comentar que as pessoas nessa condição poderiam tentar trocar alguns objetos que não teriam tanta necessidade por outros objetos ou até por alimentos. Nesse ponto da aula, convidamos os alunos a assistirem um vídeo que fala sobre Economia Solidária.
A seguir fizeram um levantamento de quais os produtos que apareciam no vídeo. Eles conseguiram se lembrar de: verduras, sapatos, artesanatos (tricô, panos de prato etc), alimentos, doces, bolos, pães, leite, roupas.

Fizemos então a pergunta: “Como iniciou?”

O aluno I. rapidamente respondeu que foi uma necessidade. O aluno R. comentou que a troca foi feita entre vizinhos. A aluna E. fala “o que sobra para mim pode ser trocado por coisas que necessito”.

Nesse ponto da aula sugerimos a possibilidade de fazermos um grupo de troca. O aluno I. e a aluna E. perguntam: “Vamos fazer a troca na rua?” Respondemos que não, que temos a possibilidade de fazê-lo nas dependências da escola. “Para formar um grupo de troca o número de alunos da sala basta?” Pergunta a aluna A.

‘É pequeno?” Pergunta J.J.
“É grande?” Pergunta Z.

A aluna F. comenta a experiência da filha. A filha já participou de encontros de trocas de roupas e bijuterias.

Lançamos outra pergunta ao grupo: “Pensando em nossa realidade o que podemos trazer para um grupo de troca?”

Prontamente a aluna A. responde: “artesanatos (panos de prato, imãs de geladeira)”.
Z. fala: “guardanapos, tricô”.
F. sorri e diz: “mousse”.
M. rapidamente comenta: “sabão, eu faço sabão”.
J. J. disponibiliza um boné.

Encerramos a aula com a idéia já formada de que faríamos o grupo de troca, mas que ainda teríamos que continuar a discussão sobre como organizá-lo, quais as regras que deverão ser levantadas e como gerenciá-lo.

Iniciamos a segunda aula com uma roda de conversa com o objetivo de levantar as regras para o grupo de troca. Definir o que pode e o que não pode trocar. Observar a conservação e validade dos produtos direcionados para a troca, principalmente os alimentos. Discutimos a criação de uma moeda social para esse grupo de troca. Como seria a distribuição da moeda entre os participantes. Chegou-se a conclusão de que cada participante deveria receber uma quantidade igual de moedas (20 moedas cada um). Discutimos também qual seria o melhor lugar da escola e o local escolhido foi a biblioteca. Em relação às sobras ficarão armazenadas na unidade escolar para um próximo evento.

Foi escolhido um grupo de 3 participantes com a incumbência de avaliar e colocar o valor nos objetos disponibilizados para a troca.

Ficou agendado que o grupo de troca aconteceria dia 04-12-11.

No dia marcado, todos os alunos compareceram trazendo os objetos que disponibilizariam para o grupo de troca. A moeda social desenvolvida pelos alunos foi impressa e distribuída para cada participante e iniciou a negociação propriamente dita. Os três participantes que fizeram o papel de caixa estipularam os valores de cada objeto a ser adquirido.

Todos participaram de maneira descontraída, seguindo as regras, mas não deixando de negociar, pechinchar e levar o objeto que mais lhe chamou atenção. Os alunos que participaram da experiência mostraram-se interessados e abraçaram a idéia e o trabalho propostos. O resultado do evento foi positivo, tendo os alunos, realizado as trocas e negociações que desejavam, de forma tranquila e agradável.


Figura 1: Moeda social usada na 2ª atividade (marco)

Essa aula ficou registrada em vídeo e fotos que estão arquivadas na unidade escolar como portifólio das aulas ministradas no grupo de pós-alfabetização, do 2º semestre de 2011.

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