Reflexão e discussão de princípios da economia solidária

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:
Proporcionar aos alunos da Educação de Jovens e Adultos a reflexão e discussão de princípios da economia solidária, essenciais no trabalho coletivo, tais como: viver e conviver entre diferentes, buscar conjuntamente as soluções para os problemas, valorizar as qualidades de cada membro do grupo, entre outros.

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Sala de aula da Educação de Jovens e Adultos – pós-alfabetização, composta por 12 alunos, na faixa etária entre 17 e 65 anos. Destes, 03 alunos apresentam comprometimento intelectual e são acompanhados pela Educação Inclusiva. Todos participaram da atividade com atenção.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica: Distribuição de cópias do texto “Assembléia na Carpintaria”, leitura coletiva, roda de conversa com diversos comentários a respeito do entendimento do texto. Elaboração de uma lista de funções de um ambiente de trabalho, comparando ao texto.

Recursos necessários para aplicação:
xerox (cópias) do texto , lousa, giz, caderno e lápis.

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Izabel Tavares Barbosa Machado – Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental, atuando na Rede de Ensino de Santo André, na Educação Infantil e aproximadamente 04 anos na Educação de Jovens e Adultos. Com Formação em Psicologia e Pedagogia e Especialização em Mediações Tecnológicas em Ambientes Educacionais.

RELATO

Nesta parte proponho a realização de uma prática pedagógica que proporcione aos alunos de Educação de Jovens e Adultos, a reflexão e discussão de princípios da economia solidária, essenciais no trabalho coletivo, tais como: Viver e conviver entre diferentes; buscar conjuntamente as soluções para os problemas; valorizar as qualidades de cada membro do grupo, entre outros.
Esta atividade foi realizada por mim e pela professora Aparecida, na sala de aula da EJA I – Alfa e Pós, da EMEIEF Carolina Maria de Jesus, em Santo André. Esta sala é composta por 12 alunos, na faixa etária entre 17 e 65 anos. Destes, 02 alunos apresentam deficiência intelectual. Todos participaram da atividade com atenção.

O texto utilizado para suscitar a discussão do tema foi: “Assembléia na Carpintaria” – autor desconhecido (apêndice I). Este texto descreve uma reunião de ferramentas, que querem acertar suas diferenças. No início do texto, cada ferramenta apontava os defeitos do outro e após a realização do trabalho do carpinteiro, perceberam que todos eram úteis e todos tinham qualidades no trabalho em equipe.

De acordo com Mazzeu (2007, p.26) no Caderno do Professor/Economia Solidária e Trabalho – MEC: “A atividade procura chamar a atenção para a organização do trabalho, mostrando a importância do conhecimento e das qualidades de cada trabalhador para sua organização e estrutura produtiva.” Destaca ainda que: “Há conflitos, mas eles são discutidos e resolvidos, reconhecendo as diferenças e especificidades de cada um, evitando desestimular a criatividade e desenvolvimento das potencialidades individuais.”

Com este texto, queremos demonstrar que é importante ter solidariedade e respeito no ambiente de trabalho e que no trabalho em equipe, utiliza-se o saber e as potencialidades de cada um, em benefício do coletivo.

Distribuímos cópias do texto aos alunos e fizemos a leitura coletiva. Terminada a leitura, a professora Izabel e alguns alunos fizeram comentários a respeito do entendimento do texto. Iniciou-se uma discussão e interpretação do texto.  A Josélia falou que a equipe trabalha melhor junto. A aluna Caetana disse que com união é melhor de trabalhar, um ajudando o outro, se aprende mais e melhor. Em seguida propomos a elaboração de uma lista das funções e qualidades necessárias para estas funções. A professora da classe pediu aos alunos para escolherem um ambiente de trabalho e perguntou: “Qual ambiente de trabalho   vamos construir um texto”? A aluna Ilza sugeriu pensarmos em uma loja de roupas.

A professora pediu para os alunos falarem quais os profissionais existentes e as qualidades de cada trabalhador neste ambiente. A professora começou a criar um quadro, listando junto com os alunos, registrando na lousa, as idéias, opiniões e colocações de todos os alunos da classe:

-Tem chefe? Disse a Josefa. A professora disse que tem Gerente.
– Tem até faxineira, alega a aluna Ilza
– Josélia falou: – Tem estoquista?
– A professora respondeu que sim.
– Quem organiza as roupas na loja? Perguntou a aluna Ilza.
– Eu acho que é o repositor, disse a professora.
– Tem aqueles homens fortes, que ficam observando todo o movimento da loja!  Disse a aluna Juaraci. – É o segurança, falou a professora.
– A mulher que faz o café?  – A copeira, disse a professora.

A maioria dos alunos começou a falar ao mesmo tempo: vendedores, operadores de caixa, auxiliar de escritório e outras funções.

– A professora Izabel listou todas as funções faladas, na lousa, questionando as qualidades, relacionando o que cada um tem que fazer em uma loja, comparando assim com os personagens do texto da carpintaria.

Neste ambiente de trabalho, mesmo que todos tenham essas qualidades, será que há conflitos? Pergunta a professora Izabel.
– Sim. Respondem os alunos.
– Até na igreja tem. Somos em 50 irmãs e sempre tem discórdia, uma se acha melhor que a outra, diz cantar melhor, fazer tudo melhor. Relatou Josefa.
-O que pode ajudar a solucionar os conflitos? Perguntaram as professoras.
– Diálogo, conversa, explicar direitinho as coisas, disse a maioria dos alunos.

Disse a Juaraci: – Na oficina de costura que trabalho é uma confusão, uma fofocaiada. Outro dia, uma colega colocou o pé na minha frente e eu caí e bati o meu ombro na ponta da cadeira. Perguntei para ela: Por que você fez isto? Está certo? – Porque eu quis e faço quantas vezes eu quiser! Ela respondeu. Tentei dialogar várias vezes, mas sem sucesso e por fim acabei contando ao chefe o que estava acontecendo, e ele a mandou embora do serviço. Ela mora na minha Rua.

– Precisa ter respeito. Falou a aluna Josélia.

Os alunos concordaram com as colocações feitas dos colegas e das professoras. Registraram a lista, no caderno.
Partindo dessas reflexões, das discussões, dos comentários e da construção da lista das funções da Loja, as professoras e os alunos concluíram quem em um ambiente de trabalho cada um tem sua função definida, porém todos são úteis para o sucesso do coletivo e do empreendimento. Tem que imperar o diálogo, respeito e solidariedade, principalmente para resolução de conflitos, pois eles devem ser discutidos e resolvidos, reconhecendo as diferenças e especificidades de cada um, estimulando o desenvolvimento das potencialidades individuais.

Com esta prática, entendemos que em qualquer ambiente de trabalho as funções se complementam como uma engrenagem, uma dependendo da outra. Porém o capitalismo divide a sociedade em duas classes básicas: a classe proprietária e a classe que ganha a vida mediante a venda de sua força de trabalho. O resultado é a competição, a desigualdade e o individualismo. Com isso, há um aproveitamento dessa forma de organização para enriquecimento e aumento do capital. Já na economia solidária, além desse entrosamento entre os setores ser essencial, deve ter uma unidade de propósito, eliminando a exploração que o capitalismo tem como natural.

 

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