Plantio do milho verde

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:
Chamar a atenção para os aspectos positivos do trabalho coletivo, mostrando que apesar desta atividade ser feita em grupo, cada um tem sua importância no grupo e que é preciso respeitar as individualidades de cada membro no coletivo.

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Duas salas de Educação de Jovens e Adultos (Alfabetização e Pós-Alfabetização) num total de 24 alunos na faixa etária entre 17 e 65 anos. Destes, 08 alunos são acompanhados pela Educação Inclusiva (deficientes). A maioria possui algumas dificuldades em relação à leitura e escrita.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Esta atividade foi realizada em vários dias, alternados, durante um semestre. Realizamos rodas de conversa, plantio do milho, observação, acompanhamento, carpir o mato, regar, etc. Trabalhamos com textos, músicas, receita culinária, sobre o tema. Registros individuais e coletivos. Partilha do milho cozido.

Recursos necessários para aplicação:
sementes, ferramentas, terreno disponível, textos, CDs, caderno, giz, lousa

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Izabel Tavares Barbosa Machado – Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental, atuando na Rede de Ensino de Santo André, na Educação Infantil e aproximadamente 04 anos na Educação de Jovens e Adultos. Com Formação em Psicologia e Pedagogia e Especialização em Mediações Tecnológicas em Ambientes Educacionais.

Relato

A prática pedagógica “Plantio do Milho Verde” realizada por mim e pelos professores Aparecida e Silvio, da EMEIEF Carolina Maria de Jesus, com os alunos da Educação de Jovens e Adultos, procura chamar a atenção para os aspectos positivos do trabalho coletivo, mostrando que apesar desta atividade ser feita em grupo, cada um tem sua importância no grupo e que é preciso, respeitar as individualidades de cada membro no coletivo.

O Caderno do Professor / Economia Solidária e Trabalho, MEC (2007), aponta a autogestão, a união e solidariedade como princípios da economia solidária e propõe: “Que os alunos possam compreender a importância da união, solidariedade e cooperação nas atividades produtivas.” Diferentemente do sistema capitalista onde impera a exploração da força de trabalho, na economia solidária, esses princípios se complementam, proporcionando significados na vida social, com proveito do coletivo e não da propriedade privada.

Com esta prática pedagógica, queremos demonstrar desafios e possibilidades do trabalho em equipe. Que alunos e professores observem e reconheça no espaço do plantio do milho, o trabalho humano como transformador da natureza e que possam entender a importância do trabalho coletivo e autogestionário. Como destaca o Caderno do Professor / Economia Solidária e Trabalho (2007, p.69): “Por meio da autogestão, outras relações no trabalho são construídas e cuja base se fundamenta no respeito, igualdade, diálogo e companheirismo.”

Participaram desta atividade duas salas de Educação de Jovens e Adultos (Alfabetização e Pós-Alfabetização), num total de 24 alunos na faixa etária entre 17 e 65 anos Destes, 08 alunos são de inclusão (deficientes) que recebem acompanhamento da Educação Inclusiva. A maioria possui algumas dificuldades em relação à leitura e escrita. Todos participaram ativamente dessa prática pedagógica proposta, com interesse. Esta atividade foi realizada em várias etapas, em dias alternados, durante o primeiro semestre do ano letivo.

Primeiramente, em roda, conversamos com os alunos sobre a proposta do “Plantio do Milho Verde”. Fomos ao local escolhido (um espaço de terra próximo ao parque da escola). A terra já havia sido preparada pelo professor Silvio. Fizemos um trabalho coletivo e cooperativo: um aluno cavava os buracos com a enxada, outro colocava as sementes, outro colocava o fertilizante e cobria a cova empurrando a terra com os pés, em forma de revezamento todos participaram. No local discutimos com os alunos a quantidade de grãos que seria necessário para cada cova e a distancia que ficaria uma da outra. Combinamos acompanhar o crescimento o desenvolvimento dos pés de milho e cuidarmos até a possível colheita. Foi um momento interessante.

Na seqüência, retornamos ao local do plantio do milho para observação. Percebemos que alguns pezinhos de milho já haviam brotado. Limpamos o mato em volta e percebemos a presença de formigas no local. Voltamos para a sala, construímos um texto coletivo a respeito das nossas observações. A maioria dos alunos relatou o que observou, a professora Izabel escreveu em cartolina (cartaz) o relato dos alunos. Todos os alunos registraram o texto em folha e desenharam o espaço do plantio do milho (apêndices).

Uma semana após, dando continuidade ao trabalho sobre o milho, os professores colocaram um CD no rádio e ouvimos a música “Trenzinho Caipira” do Maestro Villa Lobos. Fizemos uma sensibilização onde os alunos fecharam os olhos e os professores pediram para eles viajarem com a música, imaginando uma viagem de trem. Em seguida fizemos uma roda de conversa e alguns relataram o que observaram nessa viagem imaginária. Os alunos falaram que imaginaram árvores passando pelo trem, rios, animais, etc. Em seguida ouvimos a música “Festa do Milho” cantada por Luiz Gonzaga. Conversamos e refletimos sobre a música e o calendário do plantio do milho mostrado na música. Registraram individualmente esta atividade. A aluna Josélia trouxe um bolo de milho feito em casa por ela, dividiu o bolo com todos da sala. Entregou a receita do bolo escrita por ela. A professora Izabel escreveu a receita na lousa e todos os alunos fizeram a escrita da receita.

Na primeira semana de abril, após visitar o plantio do milho, a Professora Izabel leu para os alunos a música “Quebra Milho” – Tom Andrade e Manuelito, que também retrata o calendário para plantar o milho. A professora Izabel escreveu a música na lousa e todos fizeram a escrita em folha (anexo). A cada semana, os professores e alunos foram observar o plantio do milho, limpamos o mato, observamos que tinha mais ou menos 10 pezinhos de milho com aproximadamente 25 centímetros cada um. Voltamos para a sala de aula, os alunos registraram no caderno, as observações feitas a respeito do crescimento do milho.

No mês de Maio visitamos e observamos a plantação do milho em dias alternados, sempre conversando, refletindo e discutindo com os alunos sobre o desenvolvimento dos pezinhos de milho. Neste mês, levamos um regador e regamos a nossa plantação de milho. Cada um jogou um pouco de água. Todos participaram. O aluno Felipe (inclusão) junto com outro aluno regou novamente o local, nos dois dias seguintes, a pedido dos professores.

Fizemos várias visitas durante o mês de Junho e percebemos que a quantidade dos pezinhos de milho estava diminuindo. Alguns foram destruídos pelas formigas, outros por pessoas que passavam pelo local (pisaram, quebraram, arrancaram) e no final do primeiro semestre, fizemos a última visita ao espaço e verificamos que todos os pezinhos de milho foram destruídos. Neste dia a professora Izabel trouxe para a escola um saco de milho verde (comprado). Todos participaram da atividade tirando a palha do milho. Cozinhamos na escola e fizemos a partilha do milho cozido.

O resultado desta prática pedagógica não foi o esperado, pois não realizamos a colheita. Esse trabalho proporcionou aprendizado no decorrer do processo, desde o plantio até o encerramento das atividades referentes ao milho, pois todos foram responsáveis pela produção, acompanhamento e socialização dos resultados obtidos, por meio do trabalho realizado.

Ao final desta prática, professores e alunos compreenderam a importância de se trabalhar de forma coletiva e autogestionária, em equipe, percebendo os seus desafios e possibilidades.

Refletimos sobre o trabalho em grupo, as habilidades individuais e as diferenças entre todos da equipe, compreendemos como as diferenças podem ser potencializadoras de trabalhos criativos e construtivos. Essa compreensão foi colocada na realização dessa prática pedagógica e assim este aprendizado poderá contribuir para a vida em grupo, nas relações sociais e para a participação no coletivo da sociedade e no ambiente de trabalho.

 

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