Minha Terra e minha vida

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos da Prática Pedagógica:
Refletir e fomentar discussões sobre aspectos econômicos, sociais e culturais que culminaram na migração dos alunos e de seus familiares e no reconhecimento dos Estados de origem com suas principais atividades culturais.

Característica do grupo a quem foi aplicada a prática: 
Os alunos da unidade escolar EMEIF Amália Maria de Jesus do Termo II (3ª e 4ª série) tem entre 21 e 63 anos, dos que nasceram em regiões nordestinas a maioria reside em São Paulo a mais de 20 anos. Poucos nasceram em São Paulo ou Suzano.

A escola é de Educação Infantil o que descaracteriza o trabalho da Educação de Jovens e Adultos em muitos aspectos. Temos problemas de mobiliário e até mesmo um simples espaço para expor nossas atividades. Nosso sonho é estar inserido em um local com outros jovens e adultos ou ter na nossa unidade outros alunos da EJA.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Apresentação de fotos com imagens da infância para estudo do tempo histórico da migração. Montagem do mapa do Brasil a partir do fragmento das regiões, identificando seus respectivos estados de origem e a interpretação da letra da música Asa Branca com Luiz Gonzaga.
Recursos necessários para aplicação:
Mapa do Brasil;
Sulfite;
Cartolina;
Equipamento de áudio.

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Márcia Felomena – Formação: Magistério,  Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (CEFAM) – Mogi das Cruzes
Formação Acadêmica: Pedagogia
Universidade Braz Cubas Mogi das Cruzes
Pós Graduação: Especialização em Políticas Pública de Educação Inclusiva
Universidade Bagozzi Curitiba

RELATO


Objetivo:
Refletir e fomentar discussões sobre aspectos econômicos, sociais e culturais que culminaram na migração dos alunos e de seus familiares e no reconhecimento dos Estados de origem com suas principais atividades culturais.

Os alunos da unidade escolar EMEIF Amália Maria de Jesus do Termo II (3ª e 4ª série) tem entre 21 e 63 anos, dos que nasceram em regiões nordestinas a maioria reside em São Paulo a mais de 20 anos. Poucos nasceram em São Paulo ou Suzano.
A escola é de Educação Infantil o que descaracteriza o trabalho da Educação de Jovens e Adultos em muitos aspectos. Temos problemas de mobiliário e até mesmo um simples espaço para expor nossas atividades. Nosso sonho é estar inserido em um local com outros jovens e adultos ou ter na nossa unidade outros alunos da EJA.

Procedimento:

1ª Etapa
A atividade que segue teve como objetivo fomentar relatos das experiências de vida dos alunos e discutir questões sociais econômicas e políticas. Foi solicitado aos alunos uma foto com imagens da infância, essas fotos foram colocadas em uma linha do tempo de acordo, já que tínhamos desde a década de 60 a 90. Período que alguns já estavam em São Paulo e outros na sua terra natal. Discutimos questões sociais, econômicas e políticas dessa época e as diferenças em relação aos dias de hoje para que os alunos fizessem uma reflexão das mudanças que influenciaram em suas rotinas e histórias de vidas.

Foram levantadas as questões:

  • Que tipo de comércio tinha na época?
  • Qual o meio de sobrevivência?
  • O que representava ser rico nesta época?
  • Quem era o presidente da república?
  • Quais lembranças tinham da infância?

Os alunos relataram vários aspectos que retratavam um tempo histórico vivenciado por eles. Rose e Selma são duas irmãs que vieram muito novas do Estado de Pernambuco, foi interessante quando elas contextualizaram como era a infância, podendo, por exemplo, comprar “fiado” no armazém do bairro, viver e brincar da forma mais simples que tinha na época, já que os recursos eram limitados e a criança usava da imaginação e criatividade para criar seus brinquedos e reinventar brincadeiras. Esse relato foi comum entre os vários alunos.

Seu Manoel que tem 63 anos contou da necessidade de trabalhar aos 12 anos na roça e que pouco brincava. Também conversamos sobre os tipos de comércio da época. Foi divertido lembrar que o comum era comprar “galinha” viva, no “galinheiro” e não congeladas como nos dias de hoje.
Concluímos também que ter um Carro, definitivamente, era a representação de que a pessoa tinha muito dinheiro que, apenas quem trabalhava “Como empregada Doméstica” tinha noção do que era o telefone, pois, este aparelho era comum na casa de patrões.

Ao analisar o discurso dos alunos, percebemos como nossos pais e avós viviam com simplicidade, valorizava-se a sabedoria popular eles tiravam da natureza os recursos que não podiam comprar, como por exemplo, as ervas medicinais utilizadas como remédios. A vida era difícil, mas ao mesmo tempo os alunos em seus relatos passaram a idéia de um tempo simples e menos estressante.

Esses e outros relatos representam semelhanças e diferenças sociais, econômicas e culturais que permitem compreender, de certa forma, o processo de migração dos alunos. Eles afirmaram que vieram em busca de uma vida “melhor” que consistia basicamente na compra de uma casa, um bom emprego e constituir família, o que a maioria conseguiu conquistar.

 
(Atividade com as fotos organizadas em uma linha do tempo)

2ª Etapa
Os alunos receberam em folha de sulfite, as regiões do Brasil separadamente e com a imagem de um mapa completo tiveram que identificar cada região e montar um novo mapa em uma cartolina. Em seguida os alunos identificaram os Estados colaram suas siglas e com imagens que representava a cultura ou o ponto turístico de cada Estado colaram de acordo com seu conhecimento ou discussão em sala. Foi interessante quando realizamos atividades sobre o conhecimento que eles têm sobre seus Estados de origem e uma discussão acirrada iniciou-se para disputar quem conhecia melhor a cultura da região que migraram.

Cada aluno teve que desenhar uma seta indicando de que região migrou e o motivo desta migração. Teve uma aluna que no inicio não queria desenhar para que os outros não soubessem de onde era sua origem, quando questionada do porque, ela explicou que as lembranças eram muito ruins, que não gostava de pensar no assunto (depois ela desenhou sem comunicar a ninguém) os outros alunos realizaram a atividade falando sobre sua origem e como está a região atualmente. Aproveitando a atividade os alunos realizaram atividades identificando no caderno e escrevendo as siglas das capitais.

 

 
(Atividade com montagem do mapa para indicação da migração)

Para encerrar, ouvimos a música Asa Branca com Luiz Gonzaga, falamos sobre a migração relacionando-a com os relatos e realizamos algumas atividades com a letra da música.

Asa Branca
Luíz Gonzaga

Quando “oiei” a terra ardendo
Qual a fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de “prantação”
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
“Intonce” eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus “óio”
Se “espaiar” na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração


(Interpretação da Letra da música)

Avaliação Crítica
A atividade foi o início de uma longa jornada no ano letivo de 2011, acredito que os objetivos propostos foram contemplados ao longo do ano com outros exercícios. Refletindo e fomentando discussões que possibilitaram ver situações sociais, econômicas, políticas e culturais que vivenciamos ao longo de nossas vidas.

Esses alunos estão inseridos nos mais diversificados contextos históricos e analisar os aspectos no período de migração foi essencial para todos os trabalhos realizados posteriormente.

Buscamos transformar as situações em sala de aula, que exigiu discussões e práticas pedagógicas que traduzissem sentimentos expressados, em conhecimentos coletivos que sistematizados representaram o estudo sobre o processo de migração inserido no contexto histórico dos alunos.

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