Formação de professores e Economia Solidaria – Prática 1

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos Gerais
• Fazer o levantamento junto aos profissionais da educação que trabalham na Educação de Jovens e Adultos dos elementos importantes para o Plano de Formação em Serviço.
• Com elementos apontados pelo grupo elaborar indicadores que devem nortear os Planos de Formação em serviço para professores que trabalham na educação de Jovens e Adultos.

Característica do grupo com quem a prática foi desenvolvida:
A primeira atividade será feita com as Coordenadoras Pedagógicas (CP) da escola, nessa escola tem duas, a J. fica responsável pelos professores que lecionam no Módulo I e II (MóduloCorresponde a:Módulo I1º e 2º anoModulo II3º e 4º anoMódulo III5º e 6º anoMódulo IV7º e 8º ano) e a CP L. responsável pelo Módulo III e IV.

Dinâmica adotada na prática pedagógica:
1ª Atividade: Uma roda de conversa com as Coordenadoras Pedagógicas mediada pelo seguinte roteiro:

  • Apresentação da proposta da Especialização de Educação de Jovens e Adultos e Economia Solidária.
  • Definição dos estudantes atendidos pela Unidade Escolar.
  • Levantamento do processo de planejamento e elaboração do Plano de For-mação da Unidade Escolar.
  • A interferência da temática trabalhada na prática pedagógica.
  • Mediação do Coordenador Pedagógico nos grupos que compõem a equipe docente.
  • Como as questões do mundo do trabalho são presentes na escola.

 

Breve currículo da autora da prática pedagógica:
Tatiana Correia Vital da Costa, formada no Curso Normal no Ensino Médio na Escola Estadual Alexandre de Gusmão, Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar sendo bolsista de Iniciação Cientifica no período de 2005 – 2006 no Projeto de Pesquisa: O direito a Educação Básica numa Micro-região de Santo André no Centro Universitário Fundação Santo André. Atual-mente trabalha no cargo de Coordenador Pedagógico na Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo.

RELATO

A primeira atividade foi elaborada para ser desenvolvida com as Coordenadoras Pedagógicas (CP) do CIEJA, no dia da realização estava presente a CP responsável pelo Módulo III e IV. A atividade planejada era uma roda de conversa mas devido a ausência de uma das CP mantive o roteiro e acabou virando uma entrevista, abaixo segue o roteiro:

  • Levantamento do processo de planejamento e elaboração do Plano de Formação da Unidade Escolar.
  • A interferência da temática trabalhada na prática pedagógica.
  • Mediação do Orientador Pedagógico nos grupos que compõem a equipe docente.
  • Como as questões do mundo do trabalho são presentes na escola.

Para elaborar o roteiro e nortear a conversa utilizei o material: Autogestão e Economia Solidária: uma nova metodologia. 2º volume. ANTEAG
Iniciei apresentando o curso de Especialização de Jovens e Adultos e Economia Solidária, durante a apresentação ela perguntou o que era uma Incubadora? Expliquei a função da Incubadora, exemplifiquei com a experiência do Grupo Sabor Solidário, relatei como o grupo foi criado e o acompanhamento feito pelas Incubadoras com subsídios que visam a autonomia dos grupos. Neste momento ela relatou sobre o projeto de formação feito nos dois últimos anos tinham como temática Economia Solidaria, mas não tinham muita orientação para encontrar subsidio que apoiassem o projeto, desenvolveram um trabalho voltado para os trabalhos artesanais (patcolagem, diferentes tipo de técnicas de pintura em madeira), parceria com Viveiro Manequinho Lopes para o desenvolvimento de um projeto de Jardinagem. Devido às dificuldades na temática porque não encontraram subsídios técnicos e teóricos então neste ano o tema tem como foco outro desafio: o trabalho com os adolescentes e a diversidade da comunidade atendida no CIEJA.

A CP L. explicou que o CIEJA apresenta bastante diversidade no atendimento feito pela instituição, essa diversidade não é só a diferença da idade dos alunos ou tipos de trabalho ou adolescentes em liberdade assistida, mas neste ano é presente a diversidade relacionada a gênero, o aumento gradativo de adolescentes com dificuldades de aprendizagem, pessoas com necessidades educativas especiais. Em relação ao trabalho as turmas do período matutino e noturno, tem educandos empregados, no entanto os motivos pelas quais voltam a estudar é variado, voltam porque:

  • Querem aprender;
  • Querem ajudar os filhos nos estudos;
  • Mudar de vida – estudar ajuda na saúde mental (relatou a historia de educandos que melhorou da depressão depois que começou a frequentar e escola);
  • Atenderem a solicitações do mercado de trabalho;

A CP L. durante toda conversa enfatizou que o diferencial do CIEJA é a possibilidade de ter outro tipo de organização que não é a escolarizada. É um espaço para aprendizagem, porém existe um respeito do tempo de aprendizagem dos educandos ressignificando o processo de ensino aprendizagem tanto para os alunos quanto para os professores.
Após essa caracterização perguntei a CP L. como a diversidade presente no grupo de educandos é abordado na Formação de Professores. Ela explicou que o plano de formação de professores no CIEJA é o Projeto Especial de Ação. Na Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo os professores têm duas opções de jornada de trabalho:

  • Jornada Básica Docente (JBD) composta por 30 horas/aula semanais [1], divididas em 25 horas/aula lecionando, 2 horas/aulas destinadas para preparo de atividades fora da Unidade Escolar e 3 horas/aulas (Hora Atividade) destinadas para o preparo de atividades na Unidade Escolar.
  • Jornada Especial Integral de Formação (JEIF) composta por 40 horas/aula semanais, divididas em 25 horas/aula lecionando, 4 horas/aulas destinadas para preparo de atividades fora da Unidade Escolar, 3 horas/aulas (Hora Individual) destinadas para preparo de atividades na Unidade Escolar, 8 horas/aula destinadas a formação em serviço.

O Projeto Especial de Ação (PEA) é regulamentado pela Portaria nº 1.566, de 18/03/08, Diário Oficial da Cidade de São Paulo de 19/03/2008 é destinado para organização das 8 horas destinadas a formação em serviço, segundo a legislação os grupos de estudo devem refletir sobre a prática de todos os profissionais envolvidos na escola e criar ações necessárias que qualifique o trabalho educativo realizado nas Unidades Escolares. No CIEJA segundo relato da CP, o PEA é escrito a partir do diagnóstico feito na avaliação do projeto realizado no ano anterior, neste ano devido à mudança do perfil dos educandos ingressantes no CIEJA houve um redirecionamento do projeto. Sentem a necessidade de aprofundamento teórico para elaborarem propostas didáticas que articule as diferenças existentes, os maiores desafios é o trabalho com os alunos com Necessidades Educativas Especiais e os Adolescentes. A palavra chave para o projeto desse ano é MUDANÇA. O grupo de formação de professores são divididos em dois momentos:

  • Terça feira – 4horas/aula (Um único grupo) Neste dia o tempo é destinado pa-ra estudos teóricos.
  • Sexta feira – 4horas/aula (Professores se dividem em áreas do conhecimento Ciências Humanas, Ciências da Natureza, Ciências Sociais, Linguagem e Códigos) a partir dos estudos feitos na terça feira os professores planejam suas atividades.

Para constituição do grupo e o planejamento do projeto as decisões são tomadas com a Equipe Gestora, Equipe Docente e a Supervisão Escolar respeitando as orientações da legislação vigente. A CP explicou que a Equipe Gestora junto com os professores para assegurar o diálogo entre os docentes e o trabalho coletivo organizou a Hora Individual e a Hora Atividade agrupando o maior número de professores no mesmo horário.
O ingresso de novos professores há três anos trouxe mudanças no grupo sendo necessário um trabalho de mediação para integrar toda a Equipe Docente. Outro motivo que gera mudanças no grupo é quando os educandos mudam de turma, porque eles têm opiniões e acompanham o trabalho feito pelos professores questionando sobre a diferença do trabalho realizado..

Outro aspecto apontado como importante na constituição do grupo e faz a diferença nas formações em serviço é a opção feita pelo professor do local que trabalha, embora sejam eleitos pelo Conselho de Escola se propuseram a trabalhar no CIEJA tendo o conhecimento da proposta da instituição.

Complementou dizendo que o diferencial no trabalho da Equipe Docente é a necessidade que este grupo demonstra de sempre participar de cursos, sejam oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação como também cursos financiados por conta própria. A CP observa que há diferença no trabalho realizado na sala de aula e na participação dos professores nos encontros formativos feitos na escola.

Para finalizar a atividade perguntei sobre a relação dos momentos formativos com as questões do mundo do trabalho, a CP explicou que os motivos pelos quais os educandos procuram a unidade escolar não estão vinculados somente a inserção do mundo do trabalho. Ela retomou que em anos anteriores buscou inserir este tema nas formações e devido ao aumento de jovens com necessidades educativas especiais ela reconhece que aprendizagem também acontece nos espaços de trabalho, esses educandos precisam ter a experiência com mundo do trabalho. A escola tem procurado buscar parcerias com as instituições e empresas que fazem a inserção desses educandos no mundo do trabalho. Buscaram na Economia Solidária trabalhar essas questões, mas não sabiam onde encontrar subsídios teórico e práticos para fortalecer o Projeto.

Finalizei agendando o próximo encontro que será com os professores, também, após essa atividade observo a necessidade de replanejar a proposta para o próximo encontro.

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  1. [1]Cada hora aula tem 45 minutos.