Ficha síntese da prática pedagógica
Objetivo da prática pedagógica:
Elaborar o Plano de manejo da produção orgânica para certificação da produção e venda direta. A elaboração do referido plano implica em refletir as práticas adotadas em comparação com as práticas almejadas. Para tanto usamos os conceitos de Economia Solidária uma vez que o processo não é de fiscalização e sim de solidariedade e confiança mútua para a construção do conhecimento necessário.
Características do grupo a quem foi aplicada a prática:
Agricultores familiares da associação de agricultura orgânica do Alto Tiete – APROATE. A prática foi realizada em uma propriedade rural no Municipio de Suzano e a outra no Municipio de Mogi das Cruzes, para sete agricultores.
Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Caminhada em toda área para avaliação conjunta da propriedade, analisando todos os critérios necessários para o plano de manejo.
Recursos necessários para a aplicação:
Transporte; enxada e caderno de manejo da produção orgânica do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA. Caderno de Plano de Manejo Orgânico
Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Fatima Mohamad Aboucauch – Engenheira agrônoma empenhada no desenvolvimento da agricultura sustentável e no controle social das politicas públicas voltadas para a agricultura familiar.
DIFICULDADES E DESAFIOS
- Organização para visitas ( locomoção, planejamento, comunicação do resultado da visita);
- Encontros entre os grupos de agricultores de diferentes regiões;
- Assistência técnica ( integrada ao processo);
- Integração das ações dos diversos órgãos públicos (Municipal, Estadual e Federal);
- Fortalecimento da Associação na produção e comercialização;
- Continuar evoluindo para constituir um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade – OPAC;
- Apropriação das políticas públicas voltadas para a Agricultura Familiar, como:
a) Programa de Aquisição de Alimentos – PAA – R$ 4.500,00 /ANO/ agricultor;
b) Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE – R$ 9.000,00/ANO ( Presidenta anunciou que o valor será de R$ 20.000,00/agricultor /ano) e
c) Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social – PPAIS – R$ 12.000,00/ano/agricultor.
RELATOS DAS VISITAS
No dia 31 de maio de dois mil e onze, realizamos duas visitas às propriedades rurais como práticas pedagógicas, uma em Mogi das Cruzes e a outra em Suzano. Participaram dessa ação sete agricultores e dois técnicos, conforme segue.
Propriedade rural Sítio das Amoreiras
Observações: Cortina verde (cortina verde ou barreira verde é uma faixa de plantas no entorno da propriedade, com largura e altura suficientes para deter contaminações oriundas das plantações vizinhas) foi feita com abacateiros e bananeiras, intercalados com café e capim napier. O produtor está ilhado entre produtores que usam tecnologias industrializadas o que inviabiliza a sua certificação face sua localização. Constatou-se que há deriva de produtos usados pelos vizinhos, via aérea e via água de irrigação. As análises apresentadas pelo agricultor mostram que em relação aos coliformes fecais, está dentro dos padrões exigidos para agricultura. Entretanto há necessidade de análises mais especificas para definir as substâncias químicas e os metais pesados. Há necessidade de manter o diário de campo atualizado e todos os comprovantes de aquisição de insumos. Entregar o Plano de manejo preenchido.
Sugestões do grupo:
1) Procurar outro local;
2) Convencimento do pessoal do entorno;
3) Adensamento da barreira e uso de plantas mais altas;
4) Análises de água com maior freqüência.
Vale ressaltar que apesar do grupo apresentar diversas sugestões, a orientação é feita no sentido de tornar possível a conformidade da qualidade orgânica para a área de produção analisada. Nesse caso o grupo deve ser solidário e ajudar a providenciar as práticas necessárias.
Propriedade rural Sítio das Aromáticas
Observações: A cortina verde foi feita com feijão guandú e helicônias. Problemas de desequilíbrio nutricional do solo revelados pelos sintomas na couve-flor.
Sugestões do grupo:
1) Procedimento de planejamento da produção e escalonamento de plantio;
2) Realizar análise de solo e a partir dos resultados, fazer a adubação com: matéria orgânica e fontes de micro( elementos necessários em pequenas doses, ex.: boro, molibdênio, manganês etc.) e macro elementos ( elementos necessários em maior quantidade, ex.: Nitrogênio, fósforo, potássio, etc.);
3) Manter o diário de Campo atualizado e com comprovantes de aquisição de insumos ( sementes, adubos e outras substâncias vindas de fora);
4) Melhorar a barreira contra deriva do lado da estrada.
Estas visitas estão sendo relatadas, pois levantaram muitos questionamentos no grupo principalmente devido às incoerências, como: o produtor de orgânicos deve provar que está certo e se defender das mazelas da agricultura convencional, que por sua vez não tem que provar nada a ninguém. Entretanto, ficou claro que este fator leva o produtor orgânico a ter maior controle do processo de produção, o que o diferencia profundamente de um agricultor convencional. Essa visita proporcionou a reflexão dos aspectos legais e também conceituais da produção orgânica.
Leia também:
- Associação dos Produtores orgânicos do Alto Tiete – APROATE, a formação dos agricultores e a certificação da produção orgânica a partir dos fundamentos da Economia Solidária