Ficha Síntese da Prática Pedagógica
Objetivos da Prática Pedagógica: Desenvolver o senso-crítico e reflexivo dos alunos, levando-os à uma leitura da realidade social na qual vivemos, liderada pelo capitalismo e levá-los a uma reflexão que os faça mudar atitudes e procurar posturas mais ativas.
Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Turma de EJA I, do período vespertino na EMEIEF Cândido Portinari. A classe é composta por estudantes em processo de alfabetização e letramento, pois alguns já estão alfabéticos, mas possuem dificuldades na compreensão de comandas, resolução de atividades em que tenham que fazer uso do raciocínio- lógico , compreensão de histórias lidas pela professora ou fatos que acontecem na mídia ou no próprio cotidiano escolar. Na classe há alunos com deficiência intelectual, baixa visão e senhoras e senhores que ainda buscam na escola uma aprendizagem que não foi lhe proporcionada na época de criança, por diversos motivos.
Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Roda de conversa, apresentação do documentário Ilha das Flores ,leitura da biografia de Carolina Maria de Jesus.
Recursos necessários para aplicação: data show, folha xerocada, giz, lousa.
Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Maria do Socorro Albuquerque – Assistente Pedagógica da educação de Jovens e Adultos de Santo André, professora do Ensino Fundamental do 1º ao 5º ano na Rede Estadual de Ensino. Graduada em Pedagogia com Pós-graduação em Psicopedagogia. Tendo 23 anos de magistério na rede estadual e 12 anos na Prefeitura de Santo André como professora 9 anos e como Assistente Pedagógica há 3 anos
RELATO SOBRE AS ATIVIDADES APLICADAS COM O FILME “ILHA DAS FLORES”
Acho importante mencionar o porquê que escolhi este filme para realizar as atividades com os alunos de uma classe de EJAI, com alguns deficientes intelectuais e senhoras que ainda procuram na escola uma realização pessoal, e esta foi uma oportunidade de atrelar atividades combinando o desenvolvimento do senso-crítico dos mesmos.
As aulas devem desenvolver o pensamento reflexivo dos alunos, na qual este filme é um momento em que a realidade se congela e o confronto com a mesma é inevitável.
Em um confronto entre teoria e prática, a proposta é estabelecer uma relação entre as bases do capitalismo e a situação apresentada pelo filme.
Oferecer situações para que os alunos possam ler e reler a realidade sob diferentes aspectos e opiniões.
Para nossos alunos o capitalismo pode parecer “coisa de político”,assunto chato e desinteressante. A maldição de um povo desinformado é ser governado por pessoas que sejam bem informadas, portanto, serem “condenados” por sua ignorância.
O filme Ilha das Flores têm tudo para ser um bom disparador para este assunto, pois traz um fato verídico, pessoas comendo os restos dos porcos. Em nossa sociedade, quem são os porcos, quem anda comendo os restos? Quem são os excluídos em nossa sociedade? E, fundamentalmente, quem são os poucos incluídos e o que os diferencia?
O aluno deve sair da posição mais passiva em que se encontra no processo de aprendizagem: ele deve pesquisar, mudar atitudes de consumidor de informação, não esperar que só o professor fale tudo.
Podemos experimentar esta nova relação com o aluno, ajudá-lo na sua mudança de atitude para uma postura mais ativa. É um processo de envolvimento constante na busca de soluções, é compartilhar, é trocar.
As atividades serão realizadas numa turma de EJA I, do período vespertino na EMEIEF Cândido Portinari. A classe é composta por estudantes em processo de alfabetização e letramento, pois alguns já estão alfabéticos, mas possui dificuldades na compreensão de comandas, resolução de atividades em que tenham que fazer uso do raciocínio- lógico compreensão de histórias lidas pela professora ou fatos que acontecem na mídia ou no próprio cotidiano escolar. Na classe há alunos com deficiência intelectual, baixa visão e senhoras e senhores que ainda buscam na escola uma aprendizagem que não foi lhe proporcionada na época de criança, por diversos motivos.
1ª AULA
Iniciei com uma roda de conversa, os alunos dispostos em círculo e comentei sobre o documentário que iríamos assistir como não são muitos adeptos a assistirem filme, pois acham que não é aula… Mostraram-se um pouco desconfortáveis, mas fui comentando, fazendo perguntas, interagindo e acabaram entusiasmando-se com o que iam assistir.
Passei o documentário (13min) e fui nestes minutos observando a fisionomia de cada um deles, que ia modificando-se com o que assistiam, alguns alunos mostravam-se horrorizados.
Quando terminou o documentário, surgiram várias perguntas, mas não associaram ao capitalismo e neste momento, não achei viável entrar na questão, na verdade não acreditavam que o que viram era verdade, uma realidade.
Houve indignação nas falas, ao lembrarem do trecho dos seres humanos comendo lixo. O aluno José relatou que trabalhou como pintor num posto de reciclagem e via com freqüência pessoas colhendo alimentos, até mesmo perecíveis como a carne, para usufruto. Uma aluna também compartilhou sua experiência de catadora de materiais recicláveis, lembrando que por vezes encontrava na rua pessoas conhecidas que fingiam que não a conheciam. A discussão teve envolvimento de todos, inclusive dos alunos com necessidades educacionais especiais, que citaram nomes de pessoas que conheciam e eram catadores de recicláveis. Um aluno com deficiência intelectual, repetia sempre “Credo! Eu gosto da comida da minha mãe!
Entreguei-lhes uma folha xerocada com algumas perguntas pertinentes ao filme, ainda não adentrando em questões socialistas: O que mais chamou sua atenção neste documentário? Como o lixo aparece no documentário?Quais poderão ser os riscos de não se descartar o lixo adequadamente?Para onde vai todo o lixo produzido em sua residência?
Como a maioria da classe não está alfabetizada, responderam coletivamente e fizeram questão de copiar da lousa as respostas, para eles têm que haver o registro. Deixei a professora para finalizar, pois já havia passado uma hora e meia do combinado e como Assistente Pedagógica da escola tinha outras demandas, mas agradeceram e perguntaram quando iria retornar, expliquei-lhes que haveria continuidade com outras atividades do filme e mostraram-se receptivos.
2ª AULA
Iniciei a aula com uma leitura da biografia de Carolina Maria de Jesus, que foi uma catadora de papelão, todos gostaram e interagiram, cheguei a comentar que ela só foi reconhecida depois que morreu.
Como a professora comentou que comentaram muito sobre o lixo nos dias que não fui (dois), preparei uma atividade de leitura e escrita: Lista de materiais recicláveis e os alunos leem e escrevem dentro dos respectivos recipientes (papel, plástico, lixo orgânico, vidro, metal e não recicláveis). Expliquei cada um deles e a importância da reciclagem. Realizaram a atividade com motivação e em duplas produtivas, depois de corrigidas as atividades, retomei a discussão sobre o filme, lançando questões orais de quem seriam os porcos de nossa sociedade, os incluídos e excluídos socialmente, os alunos ficaram um pouco confusos, pois não tinham atrelado o filme a nossa sociedade, mas aos poucos, alguns foram se dando conta e participaram, emitindo suas opiniões e se colocaram como os excluídos, citando e comparando fatos da sociedade,onde aparecem em revistas como a CARAS, celebridades riquíssimas e ao mesmo tempo nos canais de televisão passam catástrofes com pessoas pobres que perdem tudo nas enchentes, pessoas que passam fome e vivem de programas do governo ou de uma aposentadoria precária, citaram os idosos que ainda trabalham catando latinhas ou papelão e deveriam estar em casa sossegados, já que trabalharam a vida inteira, mas o salário não dá para esta sobrevivência.
Avaliando meu objetivo ao passar o filme, creio que atingi em parte, pois a discussão foi produtiva, com falas coerentes, participação de todos e acho que se conscientizaram da injustiça social que rodeia nosso país.
A professora, percebendo o envolvimento dos alunos seguirá com algumas questões que coloquei na minha matriz, mas que por minha função, não terei tempo e dar continuidade:
Atividades a serem desenvolvidas:
Roda de Conversa:
Documentário Ilha das Flores
Explicar para os alunos o teor do filme, procurar conhecer os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema, se sabem os dias que o lixeiro passa em sua rua, se existe coleta seletiva no bairro, o que sabem sobre as pessoas que vivem do que recolhem nos “lixões”, se há catadores de papelão ou latinhas conhecidos, cooperativas de catadores e alinhar com outros saberes dos estudantes.
Preencher ficha de pesquisa
Passar o documentário no data show.
Atividade de Interpretação textual (folha com perguntas): perguntas pertinentes ao filme, que podem ser respondidas no coletivo e os alunos passam para folha. (Língua Portuguesa/Ciências)
Leitura: Biografia de Carolina Maria de Jesus (que foi uma catadora de papelão)
Atividade de leitura e escrita:
Folha xerocada:
Tema: Reciclagem
Os alunos numa folha terão as figuras das quatro cores dos lixos de coleta seletiva e uma lista de palavras, onde vão escrever dentro dos lixos de acordo com as cores, o que vai dentro do verde, vermelho, amarelo e azul.
Situação-problema envolvendo venda e compra de papelão e latinhas.
Doenças transmitidas pelo lixo:
* Preencher uma ficha técnica com o nome do animal que causa a doença, sintomas, prevenção.
Leitura e roda de conversa: “Os filhos do lixo” (Lya Luft)
Trabalhando com o calendário (Matemática)
Atividade para pintar no calendário: os dias que o lixeiro passa no mês de abril e maio;
Produção de texto coletivo sobre as questões focadas até este momento.(com imagem)
Produção de texto coletivo
Imagens que poderão ser usadas no texto coletivo.
- Análise de tabela com o tempo de decomposição de alguns materiais jogados
- Compostagem
- Lixo Orgânico
- Cooperativas de catadores de lixo (Possível passeio extra-classe para que os alunos conheçam alguma cooperativa de catadores de lixo ou uma palestra sobre este tipo de cooperativa.)
- Passeio no entorno da escola para fotografar possíveis locais onde existam lixos acumulados.
Arte:
Temas sugeridos:
- Cartazes de Conscientização.
- Transformando lixo em luxo (Exemplo: Pintar vidros de maionese ou latas de molho de tomate, transformando-os.) .
- Confecção de um cartaz com os diferentes tipos de materiais e seu tempo de decomposição.
- Pesquisa de algum artista/escultor que trabalhe com material reciclável.
AVALIAÇÃO
Processual, acompanhando todas as etapas das situações de aprendizagem tanto no individual como no coletivo. Esta avaliação precisa promover nos alunos o desejo de querer mudar suas atitudes com relação à redução do lixo produzido.
Fotografar as diferentes situações de aprendizagem.
Auto-avaliação: Juntamente com a professora da classe, faremos uma autoavaliação destas situações de aprendizagem, com auxílio dos registros que serão feitos de cada aula.
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