Ficha síntese da prática pedagógica
Objetivo: Refletir sobre a competição e a cooperação na educação sob a ótica da Economia Solidária
Característica do grupo: professores da Educação de jovens e adultos, com formações variadas: Pedagogia, História, Letras, Biologia, Arte, Geografia e Matemática.
Dinâmica de trabalho:dinamica com bexiga onde cada participanterecebe uma bexiga e um palito e é estimulado a concorrer para ganhar um prêmio bastando para isso ficar com a bexiga cheia.
Recursos necessários para aplicação: bexiga, palito, caixa de presente, texto de Milton Santos (anexo) sobre cooperação e competição
Autor da prática:
Elisete Maria dos Santos Pereira, coordenadora da Educação de Jovens e Adultos
Cooperação X Competição
Atividade: Discussão em HTPC
Publico Alvo: Professores
Tema: competição x cooperação
Objetivo: Discutir sobre a competição e a cooperação na escola, refletindo sob a ótica da Economia Solidária
Etapas:
– dinâmica de grupo
– discussão sobre a dinâmica
– leitura do trecho: “ A competitividade em estado puro”, pagina 57 do livro de Miltom Santos “ Por uma outra globalização”
– discussão sobre competição e cooperação
Desenvolvimento:
Ao grupo de professores que se reuniu para a reunião foi pedido que se sentassem nas arquibancadas da biblioteca e pegassem um saquinho disposto sobre elas. Cada um retirou do saquinho uma bexiga e um palito. Foi pedido para que cada um enchesse sua bexiga. Em seguida foi colocada à frente do grupo uma grande caixa de presente e a comanda foi que ganharia a caixa quem ficasse com a bexiga cheia. Não foi necessário mais nada para que todos se movimentassem tentando furar com o palito a bexiga do outro. Quando terminou foi questionada a razão da correria para competir, para ganhar o presente, passando pelo outro, quer dizer, prejudicando o outro, se nem sequer sabiam o que havia dentro. O grupo ficou sem graça e a pergunta foi se no nosso cotidiano não fazemos simplesmente isso, corremos para alcançar um objetivo sem ao menos nos darmos conta que estamos passando por cima de alguém. Houve discussão sobre o assunto falando que a competição é necessária porque o mundo de hoje exige isso.
Foi distribuído o texto de Milton Santos no qual ele fala sobre a competição o quanto ela é prejudicial à sociedade e discorre sobre a concorrência considerada saudável. O grupo então discutiu o texto e chegou a conclusão que a competição prejudica a sociedade e ajuda a inversão de valores. A questão levantada foi se na educação queremos formar indivíduos mais solidários, não deveríamos incentivar a cooperação? O Grupo concordou que deveríamos ter um olhar para atividades e projetos que visem mais o sentido de cooperação, porém não devíamos esquecer que o mundo que o nosso aluno encontra lá fora é competitivo, não podendo deixar de lado a concorrência, sendo esta estimulante para o aluno.
Avaliação
A atividade relatada foi muito interessante e a discussão que se seguiu produtiva. O uso de uma dinâmica para demonstrar o espírito competitivo presente no homem serviu como disparador no debate sobre competição, se essa seria saudável, se não estaríamos sendo individualistas. A leitura do trecho do livro no qual defende que devemos até estimular a concorrência mas nunca a competição porque ela provoca um afrouxamento dos valores morais na qual queremos justamente o contrario, formar nosso aluno com valores tentando através disso uma transformação de nossa sociedade. Os professores alegaram que atividades competitivas estimulam o aluno mas discutindo mais sobre o nosso objetivo de formar pessoas para uma sociedade mais justa, concluíram que já há muita competição lá fora, que podemos estimula-los de outra forma que não seja competindo. Estimulei a pensarem sobre a cooperação, o quanto ela fortalece os vínculos entre as pessoas e estimula a absorção de valores diminuindo as diferenças, tornando assim mundo um pouco mais solidário. Os professores concluíram que devem estimular muito mais a cooperação do que a concorrência, mas podendo em algumas atividades trabalhar a concorrência de uma forma mais saudável, sem incutir no aluno a necessidade de ganhar a qualquer preço.
O grupo de professores apresenta muita cooperação entre si, é um grupo unido, solidário e participativo, isso fez com que a discussão fosse extremamente enriquecedora tanto no ponto de vista humanizador como pedagógico com alguns exemplos de praticas pedagógicas relatadas durante o debate. Concluímos a discussão prometendo pensar sobre atividades que estimulem mais a cooperação para serem aplicadas nas salas de aula, retomando na próxima reunião com esse objetivo.
A competitividade em estado puro (Milton Santos)
A necessidade de capitalização conduz a adotar como regra a necessidade de competir em todos os planos. Diz-se que as nações necessitam competir entre elas- o que, todavia, é duvidoso- e as empresas certamente competem por um quinhão sempre maior do mercado. Mas a estabilidade de uma empresa pode depender de uma pequena ação do mercado. A sobrevivência está sempre por um fio. Num mundo globalizado, regiões e cidades são chamadas a competir e , diante das regras atuais da produção e dos imperativos atuais do consumo, a competitividade se torna também uma regra da convivência entre as pessoas. A necessidade de competir é, aliás, legitimada por uma ideologia largamente aceita e difundida, na medida em que a desobediência às suas regras implica em perder posições e, até mesmo, desaparecer do cenário econômico. Criam-se, desse modo, novos “valores” em todos os planos, por uma nova “ética” pervasiva e operacional face aos mecanismos da globalização.
Concorrer e competir não são a mesma coisa. A concorrência pode ser até saudável sempre que a batalha entre agentes, para melhor empreender uma tarefa e obter melhores resultados finais, exige o respeito a certas regras de convivência preestabelecidas ou não. Já a competitividade se funda na invenção de novas armas d luta, num exercício em que a única regra é a conquista da melhor posição. A competitividade é uma espécie de guerra em que tudo vale e, desse modo, sua prática provoca um afrouxamento dos valores morais e um convite ao exercício da violência.
Fonte: texto retirado do livro “ Por uma outra globalização”,p 57, Editora Record, Rio de Janeiro e São Paulo