O valor real das coisas

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivo:
Refletir sobre o valor real das coisas

Característica do grupo:
professores da Educação de jovens e adultos, com formações variadas: Pedagogia, História, Letras, Biologia, Arte, Geografia e Matemática.

Dinâmica de Trabalho:
Cada professor trouxe um objeto que lhe é caro, e outro colega atribui um valor a ele, gerando uma discussão sobre o valor real que cada um atribui a determianado objeto, dependendo da época, necessidade ou circunstâncias.

Recursos necessários para aplicação:
objetos pessoais trazidos pelos componentes do grupo

Autora da prática:
Elisete Maria dos Santos Pereira, coordenadora da Educação de Jovens e Adultos
Formação de professores sob a ótica dos princípios da Economia Solidária

A escola é um espaço de convívio social onde há trocas de experiências que resultem na formação integral do individuo. É importante que a escola esteja atenta às práticas educativas que visem os princípios da solidariedade e cooperação.

É essencial que a escola combata o individualismo, a competividade e o consumismo desenfreado que permeiam nossa sociedade. É o ambiente escolar que propicia ao sujeito vivencias de aprendizagem, do exercício da cidadania, das práticas democráticas, do desenvolvimento do senso crítico e de muitas outras competências.

A escola deve  basear-se nos princípios da economia solidária contribuindo assim para o resgate de valores e princípios elementares na formação humana.

A formação do professor é essencial para essa contribuição, pois ele é o agente mediador entre o sujeito e a aprendizagem. O professor deve repensar sua prática para que a transformação seja efetiva.

Baseada neste ideal de mudança, elaborei para uma reunião de professores uma atividade que os fizesse refletir sobre o apego que damos às coisas materiais e o valor dado à elas. Esta discussão seria desencadeadora para iniciar um grupo de trocas com os alunos.

Para que uma feira de troca seja baseada efetivamente nos princípios da economia solidaria, o grupo necessitará de repensar alguns princípios  que estão presentes nas  nossas ações, que não condizem com o nosso objetivo. Para isso, o grupo de professores é de fundamental importância para essa reflexão.

Atividade: Discussão em HTPC

Tema: Valor real

Publico alvo: Professores durante HTPC

Objetivos:
Refletir sobre o valor que atribuímos a determinados objetos;

 Etapas:
-Dinâmica : Dar valor a um objeto trazido pelo outro;
– Discussão sobre  valor real e o apego a bens materiais;
– vídeo com reportagens sobre Feira de troca;
– Discussão sobre como introduzir a feira de troca na escola.
Desenvolvimento:
Pedimos  a cada professor que trouxesse um objeto que fosse de estimação, aquele objeto sem atribuição do valor monetário, mas de valor sentimental.
Esses objetos foram colocados numa mesa e chamamos um professor de cada vez e pedimos que escolhessem um objeto que não fosse o seu e o etiquetassem com um preço que acharia que seria o valor do mesmo.

Em seguida pegamos cada objeto e perguntamos ao dono sobre o porquê do apreço pelo objeto. Após cada explanação, perguntávamos se ele venderia o objeto pelo preço que deram a ele. A maioria disse que não tinha preço ou dependendo da necessidade venderia.

Após essa apresentação dos objetos desencadeamos uma discussão sobre o valor atribuído por nós as coisas. As questões levantadas foram as seguintes:

– O valor que atribuo a um objeto não é o mesmo que outra pessoa dá à ele?
– o valor que atribuo a determinados objetos não pode mudar dependendo da situação ou período da vida?
– Que situações que me fazem mudar o valor que atribuo a estes objetos?
Após a discussão lemos o texto de Paul Singer sobre feira de trocas e vimos o vídeo que ilustraria melhor as feiras.

Imagem de Amostra do You Tube

Avaliação


A atividade desenvolvida foi muito interessante. Alguns professores trouxeram objetos como: chaveiros que utilizam como talismã, álbum de fotos de lugares ou família, um CD gravado de uma banda que o professor faz parte, ultrasonografias de gestações, agenda, presente de filhos, a primeira boneca e até um fusca antigo. Enfim vários objetos que segundo os professores não tem preço.

Após cada professor escolher um objeto e colocar um preço que julgava valer, pedimos para o dono do objeto falar do motivo pelo qual este objeto tinha significado e se venderia pelo preço dado. A maioria não concordou com o preço.
Fizemos uma espécie de leilão. Elevando o preço para ver a reação. Muitos não venderiam, mas o interessante é que uma parte disse que dependendo da situação venderia. Perguntamos que situações levariam a vender, responderam que situações de emergência como doenças, ou compra de um apartamento seriam exemplos.

Discutimos então sobre a atribuição que cada individuo dá a determinadas coisas variam dependendo da época, da situação. Uma professora que tem mais de 50 anos que trouxe a primeira boneca que ganhou aos 2 anos disse que não venderia, trocaria ou daria a boneca por nada. Perguntamos se fosse para uma neta ela não mudaria de opinião. Ela ficou na dúvida e apesar de ainda não ser avó, demonstrou que talvez mudasse de opinião. Essa atitude da professora desencadeou vários relatos sobre como mudaram de opinião ao longo da vida. Essa parte foi a melhor, com relatos de lembranças de objetos que significaram muito na juventude e hoje não tem nenhum valor.

Após esses relatos, concluímos que podemos mudar e que o valor das coisas é relativo. Essa mutação varia de acordo com a necessidade. Após essas conclusões, entramos com a apresentação da feira de troca e da necessidade do participante dessa feira chegar a mesma conclusão a que eles chegaram, não atribuindo valor real e apego a objetos e sim a sua necessidade imediata.
Sugerimos então que os professores pensassem em estratégias ou dinâmicas para aplicarem em sala de aula com objetivo de trabalhar estas questões, para que a feira de troca tenha a eficácia desejada.

Os professores se comprometeram em cooperar e deram algumas sugestões como debates envolvendo algumas salas que eles acreditam serem mais receptivas.

Concluindo esta parte da reunião, o grupo ficou de apresentar as sugestões e aplica-las ao longo do próximo mês.

Consideramos que atingimos nossas expectativas com a atividade e podemos até a afirmar que foram superadas as expectativas iniciais. O grupo foi participante, receptivo e efetivamente envolvido com a ideia do desenvolvimento desse projeto.

Leia também: