Atividade de formação continuada de educadores das classes de alfabetização da EJA – 19/08/2011

Objetivos da Prática Pedagógica:

  • Discutir os princípios da Economia Solidária em pauta nas aulas das turmas de alfabetização da EJA, onde educadores, educandos e lideranças comunitárias são convidados para refletirem sobre a diversidade sócio/cultural que permeia a EJA;
  • Criar situações de aprendizagem nas quais todos os sujeitos envolvidos possam despertar para a sua dignidade de sujeitos do seu futuro;
  • Refletir sobre a um currículo onde a EJA e a Economia Solidária dialogam é considerado artefato social e cultural, pois a Economia Solidária traz o saber local para prática real na sala de aula.

Característica dos Grupo a quem foi aplicada a prática:
Atividade realizada com um grupo de 40 educadores populares que desenvolvem solidariamente o papel de alfabetizadores e tem compromisso político/pedagógico para desenvolverem ações educativas que e visam à superação do analfabetismo na cidade.

Os núcleos de aula estão localizados em lugares da periferia de São Bernardo, em sociedades amigos de bairro, igrejas, clube de mães, canteiro de obras de trabalhadores da construção civil, albergues e residências solidárias como as do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS.

Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
A dinâmica de trabalho é pautada pelo princípio dialógico
Trabalhamos a alfabetização partindo do paradigma da realidade local, levando em consideração as características culturais, que são utilizadas como ferramentas do processo ensino-aprendizagem.

Recursos necessários para a aplicação:
Papel craft, canetão, fita crepe datashow, computador, xerox de texto de embasamento teórico;

Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Estela Fidelis Rodrigues – Educadora desde 1989 atuando em salas da educação infantil e ensino fundamental, Ensino médio e Educação de jovens e adultos. Formada História e Pedagogia, com especialização em Supervisão Escolar, desde 2003 atua na coordenação pedagógica trabalhando na formação continuada de educadores, sendo que na EJA coordena educadores alfabetizadores desde 2007 na Secretaria de educação de São Bernardo do Campo – SP.

 

Esta ação formativa foi realizada em dois momentos com as educadoras do Movimento de Alfabetização de jovens e Adultos- MOVA São Bernardo, que atua com 680 alunos em 40 núcleos de aula. Nossa mística para superar os índices de analfabetismo na cidade é – “MOVA SÃO BERNARDO EM TODOS OS LUGARES COM TODAS AS PESSOAS!”

Fazer com todos é um princípio que temos em comum com os princípios da Economia Solidária. O principal exercício desta ação formativa foi refletir com as educadoras e articuladoras do MOVA São Bernardo/ CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO, para enxergarmos os princípios da ECOSOL no contexto em que atuamos.

Contamos com um grupo de educadores populares que desenvolvem solidariamente o papel de alfabetizadores e tem compromisso político/pedagógico para desenvolverem ações educativas que e visam à superação do analfabetismo na cidade.

Trabalhamos a alfabetização partindo do paradigma da realidade local, levando em consideração as características culturais, que são utilizadas como ferramentas do processo ensino-aprendizagem. Os núcleos de aula estão localizados em lugares da periferia de São Bernardo, em sociedades amigos de bairro, igrejas, clube de mães, canteiro de obras de trabalhadores da construção civil, albergues e residências solidárias como as do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS. Fazemos desta forma, pois queremos alcançar o maior número de pessoas e o espaço onde se aprende, geralmente não é desconhecido do educando que tem como colegas de classe seus amigos de rua ou das redondezas de sua casa e a aula tem sempre como tema assuntos de percepção empírica de todos. Neste sentido, o processo de aprendizagem que venha a ocorrer no espaço de trabalho precisa estar intimamente relacionado aos problemas, às necessidades e aos anseios deste espaço.

Para ampliar a atuação de nossas educadoras fizemos em nossas reuniões de formação continuada um debate sobre Educação popular e os princípios da Economia Solidária, a fim de desvelarmos esses princípios e sermos mais assertivas em nossas ações.

Utilizamos nesta formação a ação dialógica, pois o diálogo fomenta mais saberes que slides de PowerPoint!!!!

Começamos o debate fazendo uma roda de prosa sobre O que é Educação Popular, onde obtivemos as respostas:
– Educação do povo e da experiência cotidiana; Ação do MOVA; Paulo Freire; Educação para o oprimido; Transformação das realidades sociais opressoras;

Após esta “tempestade de idéias”, observamos que algumas questões precisavam ser ampliadas. Sendo assim, fizemos a leitura de um trecho do livro Paulo freire para educadores de Vera Barreto, “As bases do pensamento de Paulo Freire”, que reflete sobre a visão de ser humano e do mundo deste educador. Destacamos que o ser humano é um ser de relação, que busca sua “completude” e esta busca transforma o mundo e o próprio homem, pois este é sujeito de sua história. No diálogo que discorremos com as educadoras fundamentamos o sentido da educação popular em transformar a realidade, pois o conhecimento nasce da ação, portanto, agir é próprio do ser humano! Ele age no mundo, com as pessoas, ele se relaciona com o objeto de seu conhecimento, por isso todos têm saberes!

Ampliando o diálogo, lançamos a questão ao grupo. Todos nós sabemos, pela própria experiência cotidiana, que nossa sociedade está repleta de contradições; que enquanto uns vivem muito bem, desfrutando de todo luxo e mordomia, outros não têm sequer a alimentação básica diária; e que esta divisão econômica e social acaba por afetar todos os ramos da vida: na justiça, no lazer, no acesso à cultura, etc. Muito embora os detentores do capital, o governo e a mídia tentem nos fazer crer que “somos todos iguais” e “temos todos os mesmos direitos”, a simples observação da vida em torno de nós revela que isto não acontece. Como podemos transformar esta realidade?

“Nós podemos nos acomodar com a situação em que vivemos ou se envolver na transformação desta.”- Foi a frase de uma educadora para o grupo. A partir desta fala outras surgiram como, por exemplo, “a educação tradicional é conservadora a popular é transformadora a primeira está ligada aos detentores do capital e a segunda aos que não o detém”.

Lançamos ao grupo:
– O que é fazer educação popular hoje?
– “É um desafio! Porque hoje as pessoas não se importam mais com o outro!” – disse uma educadora.

Debatemos que o desafio é grande, mas hoje há diferentes possibilidades de se fazer educação popular, mas os pilares éticos, políticos, epistemológicos e pedagógicos precisam ser a essência deste fazer, para se ter a consciência da organização atual do capital, a valorização do humano e resgatar as raízes do fazer: pensar sobre os problemas da vida. A tomada de consciência vem da negação ao sistema vigente, por isso a práxis do educador popular resgata o valor do ser humano.

Ser analfabeto num mundo letrado é uma injustiça social e uma contradição a mística de que todos são iguais!

A bandeira do analfabetismo tem que ser levantada ainda mais hoje, pois ela limita a atuação do cidadão. A educação que defendemos tenta contribuir com a superação dessa situação em que se encontram as pessoas. Superação da existência de uma contradição: a contradição entre oprimidos e opressores. Por isso, pensamos a educação para a transformação da realidade do homem e o fim da exploração de uns para privilégio de outros, independente da posição que esses ocupam na produção.

Não é apenas a educação que mudará essa contradição, mas ela tem papel fundamental nesse processo, por isso propomos ao grupo um diálogo entre economia solidária e educação popular.

Paulo Freire nunca abriu mão do sonho da mudança radical, da luta pela construção de uma sociedade igualitária, tanto do ponto de vista econômico e democrático como do ponto de vista político, racial, sexual e educacional. Essa é a bandeira do MOVA São Bernardo, fazer a mudança em todos os lugares com todas as pessoas.

Terminamos esta primeira etapa da formação com o propósito de pesquisar sobre os princípios da economia solidária e fazermos uma feira de troca livros entre as educadoras e articuladoras.

Leia também:

EJA e Economia Solidária: um diálogo entre os princípios da ECOSOL e a prática da Educação Popular – Monografia relacionada.
Prática 2 – Atividade de formação continuada de educadores das classes de alfabetização da EJA – 09/09/2011