Formação de professores e Economia Solidaria – Prática 2

Ficha Síntese da Prática Pedagógica

Objetivos Gerais
• Fazer o levantamento junto aos profissionais da educação que trabalham na Educação de Jovens e Adultos dos elementos importantes para o Plano de Formação em Serviço.
• Com elementos apontados pelo grupo elaborar indicadores que devem nortear os Planos de Formação em serviço para professores que trabalham na educação de Jovens e Adultos.

Característica do grupo com quem a prática foi desenvolvida
A atividade será feita com todos os professores e a Equipe Gestora que trabalham no Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos são selecionados pelo Conselho de Escola, para participar da seleção devem apresentar o projeto e ser entrevistado pelos membros ao Conselho de Escola quando há vagas oferecidas. Neste dia estão presentes treze professores.

Dinâmica adotada na prática pedagógica

  • 1º momento
    Apresentação da proposta
  • 2º momento
    Organizados em cinco grupos, cada grupo deverá formar palavras com o termo Formação em Serviço.
    Após formarem as palavras deverão escolher a palavra que representa os momentos de formação que acontecem semanalmente na escola e justificar a escolha.
  • 3º momento
    Apresentação de uma síntese apontando a relação da formação de professores e a Economia Solidária.
  • 4º momento
    Avaliação da atividade.
    Elaborar uma pergunta a partir da atividade realizada.

Breve currículo da autora da prática pedagógica:
Tatiana Correia Vital da Costa
, formada no Curso Normal no Ensino Médio na Escola Estadual Alexandre de Gusmão, Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar sendo bolsista de Iniciação Cientifica no período de 2005 – 2006 no Projeto de Pesquisa: O direito a Educação Básica numa Micro-região de Santo André no Centro Universitário Fundação Santo André. Atualmente trabalha no cargo de Coordenador Pedagógico na Secretaria Municipal de Educação da Cidade de São Paulo.

RELATO

A segunda atividade foi no encontro de terça feira, estavam presentes nove professoras, três professores, as duas CP e a assistente de direção. Mediante o encontro feito com a CP na semana anterior replanejei a atividade. Utilizei como fundamentação teórica o seguinte material:

  • Autogestão e Economia Solidária: uma nova metodologia. 2º volume. (Anteag)
  • Formação permanente ou continuada (Vera Barreto)

No primeiro momento do encontro a CP J. apresentou a pauta proposta para o dia, faz parte dos encontros a leitura de um texto de diferentes gêneros textuais trazido pelas CP’s, o texto lido foi a crônica Choro de Ivan Angelo. Após a leitura uma professora relatou que havia lido essa crônica para os alunos. Uma outra professora relatou que tem feito muita diferença esses momentos de leitura nos encontros formativos, porque tem subsidiado seu trabalho com os educandos, as leituras que está fazendo na sala ajudam a abordar os conteúdos e temas de uma maneira diferente. Outra professora contou que tem uma pasta com as crônicas deste escritor caso a colega quisesse ela poderia emprestar. Relembraram as leituras feitas sobre o Millôr e CP trouxe outras publicações feitas no jornal que podem ser utilizadas.
Após a leitura me apresentei e expliquei a proposta e quem são os envolvidos no curso de Especialização de Jovens e Adultos e Economia Solidária na UFABC. Depois de me apresentar uma professora perguntou o que era uma Incubadora? Respondi explicando que a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares tem como objetivo “cuidar” de grupos que estão se formando para tornarem-se Cooperativas, “por exemplo, vocês tinham uma proposta nesta escola de ensinar uma oficio a comunidade com objetivo de geração de renda, as pessoas que frequentavam esse grupo poderiam tornar-se uma Cooperativa mas como a escola sozinha não consegue dar o acompanhamento que este grupo necessita para fortalecer as ações e conseguir gerar renda para os envolvidos então precisa do acompanhamento da Incubadora. A incubadora vai orientar o grupo por meio de formações nos assuntos necessários para a manter a Cooperativa, alguns princípios que norteiam o trabalho da Incubadora com o grupo são: a autogestão do empreendimento, outra forma de relacionar-se com modo de produção e com o trabalho.”

Após responder a pergunta continuei com a pauta que planejei, havia pensado em aprofundar a temática Economia Solidária quando replanejei a atividade mas não sabia quais eram os conhecimentos do grupo sobre o tema, então planejei durante a minha fala ir inserindo os princípios metodológicos de formação de trabalhadores e a participação do grupo demonstraria quais eram as reais necessidades sobre o tema.

No segundo momento fiz a seguinte proposta: os presentes deveriam organizar três grupos e utilizando as letras do termo “Formação em Serviço” cada grupo deveria formar palavras voltadas para temática formação de professores. Após formarem as palavras deveriam escolher palavras que representam os momentos de formação que acontecem semanalmente na escola e justificar a escolha. Durante a realização da atividade uma professora me procurou e mostrou o projeto do trabalho de conclusão de uma especialização que estava fazendo sobre Educação de Jovens e Adultos, escolheu como tema a experiência que a escola teve nos anos anteriores para fazer uma proposta da EJA e Economia Solidária, veio pedir sugestões de referencias bibliográficas.

Retomamos com a apresentação de cada grupo:

Retomei com o grupo explicando que a Economia Solidária tem como princípio a Educação, porque possibilita a mudança nas relações com o trabalho, o mundo e entre as pessoas por meio da prática da autogestão. Por isso tem uma proposta metodológica de formação para trabalhadores, então iria apresentar ao grupo essa proposta. Iniciei explicando que Vera Barreto (2006) afirma que a formação continuada é uma formação permanente, esse conceito também é presente nos Projetos Especiais de Qualificação, porque aprendemos durante toda a vida e o trabalho move essa condição de formação, sempre associado à prática. O centro da organização da sociedade deve ser o ser humano, na formação de trabalhadores o centro é o trabalhador. A formação só tem sentido quando o trabalhador (no caso nós professores) partimos do nosso fazer, nossa prática. Na formação as experiências são validadas após a experimentação e a trocas de experiências com os pares. É importante por meio de estudos teóricos ter outras noções de realidade diferente da dominante.

Durante minha fala os professores relacionavam os apontamentos feitos com os encontros de formação, porém estavam mais ansiosos para tirar suas dúvidas sobre: O que é?,Por que? Como é a Economia Solidaria na prática? Quando finalizei fizeram vários questionamentos:

• Como formar um grupo?
• De onde vem o apoio financeiro das Incubadoras?
• Fora o espaço da escola quais são as outras contribuições que a escola pode fazer para desenvolver um projeto de Economia Solidária?
• Quais são as garantias trabalhistas neste tipo de trabalho?
• Qualquer pessoa pode participar?
• Onde tem experiências em escolas?

Fui respondendo cada pergunta; foi um desafio porque foi possível fazer uma auto-avaliação da minha própria aprendizagem durante esses anos sobre Economia Solidária em especial do curso. Consegui responder as perguntas, algumas precisavam de outros momentos porque tinham muitos conceitos que precisavam ser estudados, mas contribui com este grupo.

Houve uma questão sobre pessoas com necessidades especiais e a Economia Solidária, relatei as experiências nos grupos de saúde mental como alternativa de trabalho e reabilitação.

Finalizei o encontro com avaliação: como são as perguntas que movem o mundo, propus que fizessem uma questão. Pelas perguntas posso avaliar os conceitos que foram bem definidos e os conceitos que são possibilidades de serem trabalhados ainda com este grupo.

PERGUNTAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PRESENTES NA FORMAÇÃO.

  • O tema é bastante apropriado, principalmente no âmbito do empreendedorismo, porém como administrar a questão do envolvimento de valores?
  • Quais cuidados deveriam ser tomados para não caracterizar conflitos de interesses em relação a função pública e o uso do dinheiro na escola, caracterizando vantagens?
  • Como a Economia Solidária pode ser viabilizada nas escolas públicas com EJA composto por um público cada vez mais “jovem”?
  • Como a formação de professores pode (ou vai) contribuir para o desenvolvimento/implementação da Economia Solidária na escola?
  • Essa proposta visa incluir as pessoas no mercado de trabalho de forma estruturada?
  • “O pertencer” fazer parte desse mundo do trabalho poderá afastar o aluno trabalhador da escola?
  • A escola deve investir em práticas diversificadas para inclusão dos alunos no mundo do trabalho? Práticas voltadas para o mercado capitalista e práticas voltadas para outras formas de geração de renda, como a Economia Solidária?
  • Como pode ser formado um grupo de alunos adolescentes para que desenvolvam uma ação de empreendedorismo?
  • A iniciativa do projeto partiu de uma necessidade da comunidade ou de alguma comunidade especifica ou está ligada a questão do seu estudo na faculdade, ou seja, foi uma necessidade particular?
  • De que maneira a escola pode contribuir com a Economia Solidária, além de seus espaços?
  • A formação de professores é um ponto sempre a ser levantado, pois o que vemos hoje é o sucateamento da máquina educativa que atinge a educação como um todo.
  • Achei interessante o tema, pois as ações solidárias possibilitam a inclusão de muitos trabalhadores, que muitas vezes necessita de um apoio para crescer e desenvolver seus conhecimentos e habilidades.
  • Gostei muito de sua participação no nosso grupo de JEIF, já havíamos conversado e tentado entender sobre a Economia Solidária e suas informações foram de grande valia para compreender essas questões.
  • Como um estudante do Ensino Médio da escola pública pode participar deste projeto sendo ele deficiente mental (leve)?
  • Essas “incubadoras” são alimentadas financeiramente de que forma? São ONG´s?

Pelas perguntas apresentadas poucas tinham foco direto no tema formação em serviço, mais é a demonstração de frutos de uma trajetória de estudos fundamentados na pratica. Neste grupo tem a abertura para serem desenvolvidas outras experiências e um campo que pode ser semeado pela esperança que a Economia Solidária nos traz.

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