Autor: Vilson Rodrigues da Costa
Orientadora: Marineide do Lago Salvador dos Santos
À toda comunidade da EJA; à todos os seres humanos semelhante a mim que ficaram excluídos ou incluídos precariamente com os sacolejos econômicos e sociais provocados pelo desenvolvimento das forças produtivas ao longo da e principalmente nas três últimas décadas e que ainda continuam lutando por trabalho e pão.
À todas/os que acreditam ou que possa vir a acreditar na possibilidades de uma outra Economia. Num cuidar da casa, da comunidade considerando as reais necessidades humanas.
AGRADECIMENTOS
A Deus em primeiro lugar a quem sempre recorro solicitando apoio e presença espiritual para a leitura ontológica dos elementos necessários à compreensão da realidade que me proponho a interpretar e a partir dai contribuir na construção de propostas; A minha orientadora Marineide pela dedicação e as leituras detalhadas dos textos em construção; à minha família meus filhos, Eliana e Gabriel meu pai minha mãe; a Rob pelo amor e pela confiança, a Cida Loredo pelo Carinho dedicação e apoio técnico na finalização estética/ABNT e organização das referências; ao Sérgio Paulo pelo apoio na montagem final da tabela do Sumário e anexo de fotos; à Neidinha, Juranir, e Simone pelo apoio permanente; ao André – esposo da Professora Ilda e ao aluno da EJA Geraldo Oliveira e Rafael, que pela enorme contribuição na interpretações musical e teatral; a todas as professoras da EJA I e II da Cata Preta; e por fim agradeço a UFABC, ao professor Moretti e Regina em nome dos quais agradeço a todos os professores do curso ; às professoras Maria José e Janete pela contribuição e apoio; ao Professor Eledir e a professora Célia Inês em nome dos quais quero agradecer a todos os professores da EJA/Santo André.
“Há necessidade de cuidar do coité (utensílio feito do fruto de uma arvore do sertão de Minas Gerais que quando cortada ao meio formam duas cuias que servem para retirar água do pote) antes de enfiá-lo no pote com água nova. Da mesma forma deve estar a água cuidada quando posta no novo pote, igualmente deve ser o pote novo, cuidado para receber a água nova.
Jesus cristo em dado momento se referiu à “vinho novo em barril velho e vinho velho em barril novo”. Parece que o nosso mestre carpinteiro propunha mais que uma simples discussão entre estoquistas de vinhos. Nas palavras vinho, velho e novo e barril – palavras conhecidas, no cotidiano do seu tempo – ficaram reveladas pistas de regras de conduta para quem pretende produzir mudanças. A labuta para que todo ambiente esteja preparado para ajudar nas transformações deve ser incessante. A remoção das barreiras do preconceito para o polimento e aparecimento de conceitos construídos coletivamente e solidariamente, faz parte imprescindível do conjunto de tarefas e busca preparar-se para o novo e preparar o novo para preparar o velho a ceder lugar. A ser solidário com o que está chegando.
Uma mudança para algo novo deve ser rigorosa e é indispensável analisar se os “stakeholders” – as pessoas envolvidas – estão agindo e interagindo.
Vilson Rodrigues da Costa
SUMÁRIO
- 1. INTRODUÇÃO
- 2. TRABALHO E CAPITALISMO
2.1 Economia Solidária como alternativa de reencontro com o mundo do trabalho
2.2 A Economia Solidária no Brasil
2.3 A Economia Solidária em Santo André
2.3.1 O território de Santo André
2.3.2 Política de Geração de Trabalho e Renda em Santo André
2.3.3 A institucionalização da Política Pública de Trabalho e Economia Solidária em Santo André - 3. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
3.1 A Educação de Jovens e Adultos no Município de Santo André
3.2 Experiência com arte na educação de jovens e adultos
3.3 A arte como elemento de aprendizagem no meio escolar
3.4 Conclusões a partir das atividades na escola. - 4. RESULTADOS E PERSPECTIVAS
4.1 Diante das considerações feitas até aqui propomos - 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- APÊNDICES
Prática 1 – Oficina de Música e Poesia
Prática 2 – Realização de evento cultural - ANEXOS
1. INTRODUÇÃO
A sociedade em que vivemos vem consolidando seus alicerces sob a ótica do capital e desconsiderando o trabalho como principal componente da evolução humana. Esta relação social, subordinada ao capital, orienta a produção em todos seus os aspectos – inclusive a do entretenimento, da arte e da cultura – mantendo a lógica capitalista na ótica do lucro. Desta forma, o incentivo ao consumo desenfreado leva à rápida obsolescência –muitas vezes programada – de produtos da arte, da cultura entre outros.
A sociabilidade humana nesta sociedade, é afetada na medida em que as possibilidades de trabalho se escasseiam e com o avanço da tecnologia sempre na ótica do capital, aumenta o número do exercito de excluídos. Além disso, pessoas com o mesmo perfil socioeconômico vivem separadas por diversas razões: pela etnia (com cultura vivida em territórios diferentes, muitas vezes dentro da mesma nacionalidade), por fatores religiosos – muitas vezes dentro da mesma matriz teológica -, por gosto musical, por orientação sexual, por questões de gênero, geração, ideologias e diversas outras formas.
Assim, propomos caminhar no sentido de afirmar que a sociabilidade, a organização sócio-política e cultural podem propiciar a homens e mulheres o reconhecimento e construção de espaços coletivos de decisão e interação social valorizando os pontos comuns e superando as diferenças. Propomos aqui uma investigação e atuação que nos oriente sobre como criar laços entre os indivíduos de forma a favorecer ações que propiciem a discussão, reflexão e ações proativas que apontem para uma sociedade que valorize a sociabilidade e solidariedade expressando no se colocar no lugar do outro. Pensar a economia a partir do “Oikos Nomos” do “cuidar do lar”, da sociedade, do planeta. Pensar uma sociedade e Economia Solidária, elegendo a música, a poesia, o teatro como instrumento, meio para interação social. A arte como meio de interação e individualidades com menos individualismo.
Considerando que a comunidade discente da EJA de Santo André, é composta – na sua maioria – por alunos/as moradores/as de regiões da cidade com baixo IDH, apresentando, portanto um perfil distinto do exigido para o mercado de trabalho configurado pelo desenvolvimento das forças produtivas, podemos apostar na ECONOMIA SOLIDÁRIA como uma possibilidade de trabalho para uma parcela significativa desta população. Desta forma, faz se necessário tornar-se presente na vida das comunidades onde vivem estes alunos e suas famílias, uma reflexão sobre novas formas de trabalho que nem sempre pressupõem emprego, mas que caminhem pela busca da ocupação através da associação para o trabalho digno e do empreendedorismo solidário. Esta reflexão sobre o mundo do trabalho deve se dar dentro da EJA muito mais profunda que uma abordagem didática e sim com ensaios para práticas indispensáveis à conquista de novas formas de trabalho que conduz à cidadania e o empoderamento. As salas de aulas da EJA devem ser espaços privilegiados para a discussão de forma didática e pedagógica da Política de Trabalho e Economia Solidária nascente e crescente na cidade de Santo André como uma estratégia de desenvolvimento social-econômico e de participação e controle social.
2. TRABALHO E CAPITALISMO
Considerando as profundas transformações ocorridas nas formas de organização e estrutura do mundo do trabalho nos últimos anos pode-se afirmar que o modo de produção vigente – o modo de produção capitalista- agudiza a contradição e amplia sua lógica de exclusão por não dar às respostas que satisfação as necessidades humanas, principalmente quando os elementos fundamentais para tal realização pressupõem o trabalho. E aqui estamos falando de trabalho enquanto componente fundamental no processo de humanização. Trabalho como atividade humana mentalmente elaborada, e ainda atividade que diferencia o humano do animal. Trabalho enquanto atividade que transforma a natureza na medida em que transforma os seres humanos. Enfim, trabalho como principal fonte de valor e riqueza, segundo Marx e Engels:
“Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou por tudo o que se queira. Mas eles próprios começam a se diferenciar dos animais tão logo começam a produzir seus meios de vida, passo esse que é condicionado por sua organização corporal. Produzindo seus meios de vida, os homens produzem indiretamente, sua própria vida material.” [1]
Aqui entendemos por modo de produção a forma como a sociedade produz e distribui seus bens, serviços, saberes, cultura, etc. Historicamente encontramos contornos visíveis onde se percebe com transparência o desenvolvimento das forças produtivas nas sociedades humanas. Este desenvolvimento é notado em atividades como a mudança da tração humana para a tração animal na produção agrícola, no transporte, o emprego do metal na agricultura, nas guerras etc. Assim a cada avanço das forças produtivas pode-se observar também o nascimento de um modo novo de produção que convive com o velho até os seus dias finais, conforme Marx e Engels:
“As diversas fases do desenvolvimento da divisão do trabalho representam outras tantas formas diferentes e propriedade: ou, em outras palavras, cada nova fase da divisão do trabalho determina igualmente as relações dos indivíduos entre si, no que se refere ao material, ao instrumento e ao produto do trabalho” [2]
A sociedade contemporânea desenvolveu historicamente uma maneira de produzir que permite apropriação privada dos meios de produção coletivos. O sistema capitalista se reproduz através da exploração da mais-valia e da competição que leva à construção de uma sociedade de “vencedores” e “vencidos”. E com o passar do tempo, o modo de produção atual vai ficando inquestionável, com uma impressão falsa de que sempre tenha existido e é como se fosse impossível a existência de outra forma de produção e distribuição social de riquezas. Segundo Paul Singer (em “Introdução à Economia solidária) é possível afirmar que a economia capitalista é um campo minado e impulsionado pela competição entre as pessoas. Isto faz com que a sociedade fique caracterizada por “perdedores” e “ganhadores”. A sociedade capitalista tem como baliza e alicerce a competição. Dá-se destaque como luz aos “ganhadores” enquanto os “perdedores” ficam na escuridão. As pessoas envolvidas – por exemplo – em uma empresa, sejam elas empresárias ou trabalhadoras, sofrem o rebaixamento quando a empresa quebra. Igualmente os vestibulandos na disputa pela vaga, quando não conseguem ingresso e se sentindo derrotados são levados a recomeçar uma nova etapa de estudos, buscando assim melhorar para ter mais sucesso na próxima tentativa.
Neste movimento, o capitalismo produz desigualdades e promove a “polarização” entre os que ganham e os que perdem. Neste caso os primeiros ficam com a direção das empresas ganhando altas somas, acumulam capital e investindo em suas carreiras. Já os segundos ficam com as dívidas, o desemprego, o pagamento do aluguel, e assim por diante. Os resultados dessa luta pela acumulação vão sendo passadas de geração em geração.
Segundo Singer, “os descendentes dos que acumularam capital ou prestígio profissional, artístico etc. entram na competição econômica com nítida vantagem em relação aos que se arruinaram, empobreceram e foram socialmente excluídos.”[3] Esta afirmação nos remete a uma reflexão e por conseguinte tira o véu da realidade em que vivemos quando se diz: “ todos podem, basta querer”. Isto não é verdade. As pessoas do campo que foram excluídos do acesso às suas terras dificilmente conseguirão ter um pedaço de terra para plantar. Mas, em contrapartida, os herdeiros dos proprietários “vencedores” mesmo sem trabalhar, deterão grandes porções de terras e com isto vão acumulando muito mais.
Esta realidade é sentida em toda a nossa sociedade. Os “perdedores” no sistema capitalista estão nas periferias das cidades. Na sua quase totalidade os alunos da EJA fazem parte deste “exército” derrotado historicamente pela competição capitalista e que estão sem terra, desempregados vivendo do trabalho informal, no subemprego etc.
Esta situação já vem de pai para filho. Muitos deixaram sua terra natal porque lá já não tinham como conseguir espaço para produzir e prosperar. Seus pais já haviam também passado por isto, chegando à cidade, também havia os ganhadores com todas as oportunidades acumuladas. Desconsiderando todos os detalhes do despojamento, empobrecimento ensejado pelo sistema de produção capitalista, além disso, impera o apelo ideológico em que o individuo é convidado a aproveitar as pretensas oportunidades que o sistema oferece, enfatizando que “querer é igual a poder” ficando para o indivíduo a culpa pelo não sucesso, por não conseguir alcançar o melhor posto de trabalho, a melhor vaga na universidade e assim por diante.
A fome pelo domínio dos campos de produção agrícola, fizeram com os grandes capitalistas se apoderassem das propriedades e com a expulsão em massas de grande quantidades de trabalhadores e pequenos agricultores abarrotaram as cidades a partir da década de 60 no Brasil chegando ao apogeu nos anos 80/90 aumentando visivelmente as favelas nas grandes cidades.
A partir da década de 1990 e passando pelo início do século XXI, até os dias de hoje, se passou 1/5 de século em que tem se observado acontecimentos típicos de uma sociedade atordoada por mudanças em suas relações de produção e consumo.
Os milhares de migrantes explorados por cinco décadas – e com sofrimento – formando uma classe de trabalhadores, são novamente golpeados e desta vez não estão sozinhos. Nos últimos 25 anos foram dizimados milhares de postos de trabalhos urbanos. Categorias inteiras foram dissipadas. Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sociais e Econômicos – DIEESE subseção Sindicato dos Metalúrgicos do ABC 1997[4]– as montadoras do ABC Paulista no ano de 1995, mantinham 70,375 mil postos de trabalho. Este número caiu para 54.539 mil em 1995. Outro dado interessante é que no mesmo documento do DIEESE, uma tabela elaborada com base em anuário estatísticos da Associação de Fabricantes de Veículos Auto Motores –ANFAVEA- mostra um quadro que torna transparente a queda do emprego em contraste com o aumento da produção de veículos (carga ônibus e caminhões) Segundo o documento do DIEESE em 1980 o Brasil produziu 1.165.200 veículos com 133,7 postos de trabalho. Em 1997 a produção brasileira de veículos cresceu quase o dobro passando para 2.112.700 enquanto que os postos de trabalho foram diminuídos para 104.200. Isto reforça as a citações de K. Marx no Capítulo XIII de O Capital – onde trata do desenvolvimento das maquinarias. “O desenvolvimento das forças produtivas não favoreceu aqueles que trabalham” [5]. De novo as pessoas que trabalhavam tanto no campo como na cidade foram excluídas, aniquiladas, cerceadas de suas possibilidade de realização através do trabalho, passando a viver numa grande cidade crescendo, envelhecendo e vendo filhos crescerem envelhecerem e netos crescerem.
Forjados pela necessidade de terras disponíveis para a monocultura-agroindustrial, pela procura de trabalho, e pela necessidade de mão de obra na indústria o esvaziamento do campo e a expansão urbana se unem tornando incontrolável o inchaço das cidades desfavorecendo gradativamente a sociabilidade e a solidariedade, cultivando o individualismo e dificultando o entrelaçamento entre costumes, educação e culturas diferentes e os espaços de decisões e sociabilidade cada vez mais debilitados.
Conforme depoimentos de alunas/os durante as oficinas desenvolvidas nas salas de aula da EJA I da EMEIEF Carolina Maria de Jesus comum a prática dede pequenos grupos impondo aos demais – pela violência força dos meios de comunicação ou por coerção nas comunidades – sua música, seus costumes, moral, educação e cultura. É grande o numero de pessoas que sequer podem desfrutar da tranqüilidade do lar ou da comunidade em virtude da dominação e imposição de estilos de músicas e danças que chegam em frente e dentro das suas casas, ruas e comunidades, em volume e linguagem sem importar com o seu consentimento.
Assim, se faz presente a necessidade de desenvolver outra economia baseada em valores que humanizam, respeitam os limites dos indivíduos ao mesmo tempo em que, promovem a evolução das individualidades e buscam a construção de intersecções, ou seja; campos de tolerância, e convivência onde se constrói elementos comuns necessários ao crescimento e desenvolvimento da sociabilidade humana através da arte, do diálogo respeitando as culturas os saberes e valorizando e reavivando o que para o sistema capitalista estaria descartado na obsolescência.
2. 1 Economia Solidária como alternativa de reencontro com o Mundo do Trabalho
O termo economia vem do grego “Oikós Nomos”: isso quer dizer “regra para casa”. Casa no sentido de lar. Logo, uma economia deve cuidar da casa em todos os seus aspectos: na produção, na distribuição dos produtos, na participação da maioria do coletivo nas decisões, na observação dos recursos disponíveis, no como, para que, com quem, com o que, e para quem produzir. Estas são tarefas a serem decididas considerando o zelo, as regras da casa. Com a experiência vivida historicamente, é possível concluir que em sociedades estratificadas as regras do lar sempre estiveram voltadas de forma a beneficiar uma parcela somente da sociedade.
Os modelos de economia vistos ou experimentados pelas sociedades anteriores sempre estiveram a serviço de um pequeno grupo seja de Senhores, Patrício, Capitalistas ou Burocratas Socialistas. Cada um conforme o seu tempo, mas iguais na fome de poder e acumulação de bens.
“A história de todas as sociedades até o presente é a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal e servo, membro de corporação e ofícial-artesão, em síntese, opressores e oprimidos estiveram em constante oposição uns aos outros…”. [6]
A Economia Solidária nasceu na Europa logo depois da primeira revolução industrial. E ela surge como reação ao empobrecimento provocado pela difusão das máquinas e pela organização fabril. Neste momento os trabalhadores mais atingidos foram os artesãos.
A Inglaterra viveu a primeira revolução industrial precedida pela expulsão em massa dos camponeses de suas terras e os transformando em proletariado.
“…a exploração nas fábricas não tinham limites legais e ameaçavam a reprodução biológica do proletariado. As crianças começavam a trabalhar tão logo ficavam de pé. As jornadas eram tão longas que o debilitamento físico dos trabalhadores e sua elevada morbidade e mortalidade, chegava ao ponto de impedir a elevação da produtividade do trabalho”[7]
No inicio do sec. XIX, com o fim das guerras promovidas por Napoleão Bonaparte, apesar de se sagrar vencedora sobre Napoleão a Grã Bretanha caiu numa forte depressão econômica. Neste momento Robert Owen propõe ao governo britânico a reversão dos recursos distribuídos às vítimas da pobreza e do desemprego.
“Ele diagnosticou corretamente que a depressão era causada pelo desaparecimento da demanda por armamentos, navios, provisões e demais produtos necessários a condução da guerra. Com a perda do trabalho e da renda dos que estavam ocupados na produção bélica, o mercado para a indústria civil também se contraiu. Para reinserir os trabalhadores ociosos na produção, permitindo-lhes ganhar e gastar no consumo, o que ampliaria – segundo Owen – o mercado para outros produtores.
…Em 1817, Owen apresenta ao governo Britânico, um plano propondo que os fundos destinados aos desempregados fossem investidos na compra de terras ao invés de serem meramente distribuídos e nestas porções de terras, construídas aldeias cooperativas, em cada uma das quais viveriam 1.200 pessoas trabalhando nas terras e em industrias, produzindo assim a sua própria subsistência. Os excedentes de produção poderiam ser trocados entre as aldeias. Com cálculos cuidadosos de quanto teria que ser investido em cada aldeia, Owen tentava mostrar que haveria imensa economia de recursos, pois os pobres seriam reinseridos à produção em vez de permanecerem desocupados. Em pouco tempo, a desnecessidade de continuar subsidiando os ex-pobres permitiria devolver aos cofres públicos os valores desembolsados”..[8]
O governo inglês se nega a implantar o projeto de Owen, que radicaliza e quanto mais tenta explicar seus planos, mais fica evidente que sua proposta ia além de baratear o sustento dos pobres e sim à mudança completa no sistema social uma abolição da empresa lucrativa. Desta forma Owen perdeu seus admiradores da classe alta.
Segundo Singer, em 1824 quando foram revogados os combination acts – legislação que proibiu a organização dos trabalhadores como atentado à livre concorrência e que fora usada para perseguir os sindicatos – possibilitou ressurgimento de sindicatos e com os sindicatos, as cooperativas. Assim floresceu inúmeras cooperativas sob a orientação do pensamento de Owen sendo a primeira a cooperativa de jornalistas e gráficos na cidade de Londres.
Independentemente do ramo, do tamanho ou do faturamento, um empreendimento de Economia Solidária se orienta nos princípios pautados pela
“valorização social do trabalho humano; o reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade; a busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza, e os valores da cooperação, autogestão e da solidariedade, um caminho que valoriza os seres humanos, independente da sua cor de pele, sexo, idade, orientação sexual, condição econômica ou cultural” [9]
As experiências com empreendimentos cooperativos seguem no século XX adentro. Em 1956 na cidade basca de Mondragón, ao norte da Espanha em pleno ditadura de Franco é fundada uma corporação cooperativa por iniciativa de José Maria Arizmendiarreta mais conhecido como padre Arizmendi. Iniciado com uma fábrica fogões, pequenos empreendimentos que atendia a fábrica com peças e seguindo com atuação na metalurgia, fabricação de vidros tecnologia. Segundo Paul Singer em 2002 “… a Mondragón Corporacion Cooperativa (MCC) estava em franca expansão. Ela tem 53.377 postos de trabalho e uma Universidade com 3.715 alunos” o sistema é auto gestionário e a diferença entre a maior e a menor retirada é de no máximo seis vezes. Isto significa que a maior retirada mensal na empresa não pode ser superior a seis vezes o valor da menor retirada. Além disto, as principais decisões da empresa são tomadas, com a participação dos associados.
2.2 A Economia Solidária no Brasil
“… o cooperativismo chegou ao Brasil no Início do Século XX trazido pelos imigrantes europeus”[10], conforme Singer, estas cooperativas se apresentavam no campo como empreendimentos voltados ao cooperativismo agrícola e na cidade como cooperativas de consumo. Estas últimas eram formadas na sua maioria por empresas e serviam para proteger os trabalhadores dos rigores da carestia. As cooperativas de consume segundo Singer, sofreram forte derrota. Com a expansão das grandes redes de hipermercados muitas delas foram fechadas.
Nos meados das décadas de 80 e 90 do século XX, ficavam transparentes e hegemônicos os resultados provocados pela reestruturação no mundo do trabalho-motivados tanto pelo desenvolvimento tecnológico como também pela velha “fome” de concentração de renda que é própria do capitalismo. Então foram prosseguidas experiências de empreendimentos de Economia Solidária. Com o processo de desindustrialização vivido nas décadas de 80 e 90, milhares de postos de trabalho foram perdidos provocando o desemprego em massa e acentuando a exclusão ou inclusão precária trabalho e no campo social. Neste momento a Economia Solidária desponta no Brasil assumindo a forma de cooperativas ou associações produtivas sempre autogestionárias. O movimento do trabalho ganha um aliado. A economia solidária se apresenta também como um movimento em defesa do trabalho, mas com viés de caráter mais que econômico. Esse movimento vem na ótica do trabalho, mas sem pensar trabalho como emprego.
Se contrapondo às estruturas formais do estado – baseadas na primazia do capital – e na perspectiva de construir bases para experimentos, apoio e fomento ás diferentes formas de manifestação do trabalho e produção, surgem intelectuais, instituições, trabalhadores e outros atores propondo à sociedade, adequações ao estado para o atendimento dessa nova forma de produzir e distribuir. Uma outra Economia que busca trabalho, mas sem que se faça necessária a prática do capitalismo nas relações de trabalho. Sem a presença de Patrão ou Empregado. Entre os maiores colaboradores destas discussões estão os trabalhadores de cooperativas e ativistas do governo do Estado do Rio Grande do Sul e Prefeitura de Porto Alegre durante a década de 90 do Século XX e os primeiros anos do Século XXI. A este exemplo somam-se outras experiências no sudeste e nordeste brasileiro.
Em 2003 foi criada pelo Governo Federal a Secretaria Nacional de Economia Solidária, com o intuito de dar apoio institucional ao movimento propiciado pelas experiências com o trabalho cooperado, redes de empreendimentos e comércio Justo.
Em 2006 foi institucionalizado o Sistema Nacional de Informações da Economia Solidária – SIES – através da Portaria MTE nº 30 de 20/03/06. Em 2007 foi realizado uma segunda pesquisa para concluir o mapeamento dos empreendimento de Economia Solidária. Isto permitiu ampliar a base do SIES de 14. 954 – encontrados na primeira pesquisa – para 21.859 Empreendimentos Econômicos Solidários.[11]
Com relação a ligação da ECOSOL com outros movimentos sociais, e consideramso as afirmações do Professor Paul Singer quando diz que:
“…a Economia Solidária não pode ser vista apenas como um movimento econômico. É necessário que esteja ligada a outros movimentos sociais que buscam a qualidade de vida da população em geral”. ( Falas proferidas pelo Prof. Paul Singer durante aula no curso Economia Solidária na Universidade de São Paulo – USP em julho de 2001).
Pesquisando documentos do MTE/SENAES e na Rede Mundial de Computadores constatamos que foram dados passos significativos no sentido de construir espaços de ariculação dos atores da Economia Solidária.
“…Verifica-se no Brasil, durante a última década, a crescente organização da economia solidária enquanto um movimento – ou seja, ultrapassando a dimensão de iniciativas isoladas e fragmentadas no que diz respeito à sua inserção nas cadeias produtivas e nas articulações do seu entorno, e orientando-se para a articulação nacional, a configuração de redes locais e o estabelecimento de uma plataforma comum. Essa tendência dá um salto considerável a partir das várias edições do Fórum Social Mundial, espaço privilegiado onde diferentes atores, entidades, iniciativas e empreendimentos puderam construir uma integração que desembocou na demanda ao então recém-eleito presidente Lula pela criação de uma Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES). Simultaneamente à criação desta Secretaria, foi criado, na III Plenária Nacional de Economia Solidária, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), representando este movimento no país. A criação dessas duas instâncias, somada ao fortalecimento do campo da economia solidária no interior da dinâmica do Fórum Social Mundial, consolida a recente ampliação e estruturação desse movimento”[12]
Segundo informações do Atlas da Economia solidária no Brasil, “diversos espaços foram criados para fortalecer a ariculaçao dos atores/as do campo da Economia solidária, tanto no âmbito da Socieade Civil quanto do Poder Público”[13] . Dentre eles destaca-se o Forum Brasileiro de Economia Solidária – FBES – com representação de 120 Foruns Microrregionais, 27 Foruns Estaduais, 500 entidade de assessoria e fomento e 100 gestores municipais. Os Conselhos e Comitês Municipais são importantes instrumentos como canis institucionais de participação e controle social. Varios municípios vem construido este canais institucionais. A organização dos Gestores de Pólíticas Públicas de Economia Solidária em uma Rede muito tem contribuido para a impalntação e fortalecimentos da Economia solidária. Tambem são considerados como importantes espaços de articulção: O Forum de Articução do Comércio Justo e solidário (Faces do Brasil); Associação Nacional dos Trabalhadores em empresas de auto Gestão- ANTEAG – a UNICAFES – e UNISOL Brasil.
2.3 A Economia Solidária em Santo André
2.3.1 O território de Santo André
A cidade de Santo André encontra-se localizada na porção sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, com uma configuração territorial que praticamente corta ao meio a região denominada “Grande ABC”, formada ainda pelos municípios de São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Seu centro urbano situa-se a aproximadamente 18 km do centro da cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo, respectivamente a maior cidade e o maior estado brasileiro em termos econômicos e populacionais. Conforme dados fornecidos pelo Sumário de Dados desenvolvido pela Prefeitura de Santo André – PSA, o município de Santo André possui 676.407 habitantes num território de 174,38 km2.[14]
Figura 1
Região Metropolitana de São Paulo, no destaque a cidade de Santo André
Fonte: Anuário de Santo André 2011 Ano Base 2010
2.3.2 Política de Geração de Trabalho e Renda em Santo André
Em 2007, Santo André completou 10 anos de políticas publicas voltada à geração de trabalho e renda. As primeiras atividades foram idealizadas, planejadas e executadas a partir de 1997. É neste momento que Santo André investe os primeiros recursos evidenciando compromisso do município em iniciar políticas na perspectiva de orientar a administração pública municipal na construção de parcerias para o desenvolvimento de projetos no sentido de atender as pessoas que estavam buscando seu próprio trabalho e construir mecanismos institucionais de apoio e fomento às novas formas de manifestação do trabalho na maioria das vezes, confundido com os próprios “negócios” da economia popular.
Segundo Noé Humberto Cazetta:
“a primeira cooperativa a atuar na área de reciclagem foi a Cooperativa de Reciclagem de Santo André– COOP CICLA – que através da lei da LEI Nº. 8.023, DE 19 DE MAIO DE 2000, firma Convênio com a Prefeitura de Santo André, objetivando promover a triagem dos materiais coletados seletivamente pelo Município, com a finalidade de ensejar o seu reaproveitamento industrial”.[15]
Conforme Vilson Rodrigues da Costa:
Em 2000 o Programa Incubadora de Cooperativas e o Programa de Coleta Seletiva da prefeitura já contribuíam concretamente com a formação de dois empreendimentos para triagem e comercialização de resíduos recicláveis: a Cooperativa de Coletores Comunitários – Coop Cidade Limpa e a Cooperativa de Reciclagem de Santo André – COOPCICLA.[16]
A Cooperativa de Reciclagem de Santo André – COOPCICLA – foi a primeira cooperativa a ser implantada na Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – GIRS – da cidade de Santo André. Foi a primeira experiência de organização coletiva de trabalhadoras e trabalhadores com materiais recicláveis apoiada pelos Programas Incubadora de Cooperativas e Coleta seletiva da Prefeitura de Santo André.
Segundo relatório da Incubadora de Cooperativas em dezembro de 1998 – realizou-se o primeiro contato entre Departamento de Resíduos Sólidos do SEMASA – Serviço Municipal de Água e Saneamento Ambiental do município de Santo André e o Programa Incubadora de Cooperativas sob a responsabilidade do antigo Departamento de Geração de Emprego e Renda -DEGER, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho (SDET) da Prefeitura de Santo André
Dados da Secretaria de Desenvolvimento dão conta de que a Prefeitura seguiu do ano 2000 até o ano de 2011 a orientação para a construção de tecnologias sociais que contribuíssem para a busca de informações na perspectiva do enraizamento institucional e procedimentos administrativos com objetivo de orientar para construção da Política Municipal de Trabalho e Economia Solidária expressada na legislação, estrutura e procedimentos administrativos dentro da máquina pública.[17]
Registros dos arquivos do Fórum Municipal de Trabalho e Economia Solidária – FOMTES – dão conta de que a partir de 2006 houve em Santo André, ações que podem ser elencadas como componentes importantes para a discussão e posterior implantação da Política Municipal de Trabalho e reconhecendo a Economia solidária como uma plataforma a ser construídas na perspectiva do trabalho, apoiando outras formas de ocupação, seja através de trabalhadores buscando empreender em negócios da Economia Popular, ou organização de cooperativas.
2.3.3 A institucionalização da Política Pública de Trabalho e Economia Solidária em Santo André
Conforme arquivos da Incubadora Pública de Economia Popular e Solidária –IPEPS- desde 2005 iniciaram-se ações para definir a política pública de Economia Solidária em Santo André. Em 2008 é enviado à Câmara de vereadores projeto de lei com o objetivo de avançar na institucionalização da Política Pública de economia solidária. Assim descreve a justificativa formulada pela prefeitura de Santo André com o pedido de aprovação da Lei que instituiu o programa de economia solidária no município.
“Senhor Presidente Temos a honra de submeter à elevada apreciação dessa Egrégia Câmara Municipal o presente Projeto de Lei que trata da instituição da Política Municipal de Trabalho e Economia Solidária. O assunto é de grande importância para o desenvolvimento sustentável de Santo André, para a redução das desigualdades sociais e para a melhoria da qualidade de vida da população…”[18]
O projeto de Lei do Executivo Municipal visava incentivar e valorizar a Economia Popular e Solidária na cidade de Santo André autorizar a instituição da Política de Trabalho e Economia Solidária. Para tanto, se faz necessária breve reflexão acerca do que consiste esta Economia, assim como os benefícios, mecanismos de atuação e perspectivas.
“...Diversas são as terminologias convencionadas para se referir a economia solidária, entre elas: economia social, economia social e solidária, socioeconômica solidária, economia do trabalho, economia popular, economia popular e solidária, economia dos setores populares, economia do feminino criador, economia da dádiva, economia do trabalho, humana-economia etc. [19]Trata-se de conceito em construção que congrega agrupamentos associativos que repartem igualitariamente o poder de decisão e os ganhos entre seus membros. A cooperação e ajuda mútua são praticadas sistematicamente, sendo a principal razão de ser das sociedades. A economia popular e solidária no Brasil é uma estratégia surgida no âmago de resistências e lutas sociais contra o desemprego e a pobreza, composta por atividades socioeconômicas, cujo primado é o do trabalho sobre o capital, de caráter cooperativo/associativo e autogestionário, que produzem trabalho e riqueza e que têm potencial para promover a inclusão cidadã e o desenvolvimento econômico, social e cultural com maior sustentabilidade, eqüidade e democratização…[20]”
A Economia Solidária deve ser vista como algo mais que um movimento econômico. Para a sua difusão e fortalecimento é necessário que ela esteja fortemente articulada com outros movimentos sociais. Neste sentido o processo de incubação deve conter metodologia que fomente a participação dos integrantes e os próprios empreendimentos em fóruns associações e redes.
“…Para que os empreendimentos de Economia Popular e Solidária possam prosperar, é necessário não só o incentivo por parte de outras instituições, mas também, que eles estejam ligados a redes de consumo ético e solidário, e, acima de tudo, articulados entre si, de forma que possam trocar conhecimentos e experiências. Enfim, fomentar as redes de colaboração solidária. A autogestão é um dos pontos fundamentais para a promoção da inclusão social e configura uma proposta de mudança nos fundamentos da economia de mercado atual. Os envolvidos são gestores dos próprios empreendimentos, onde democraticamente decidem os rumos e formas de sua linha de produção e de prestação de serviços, além da forma de atuação no mercado. Porém, para que essa autogestão seja efetivada de forma eficiente, é necessário que haja uma ressignificação nos processos de gestão do trabalho, recuperação e proliferação de conhecimentos de todos os envolvidos e envolvidas, para que realmente se possa ter o trabalho coletivo, cooperado e solidário.”[21]
Segue assim o texto enviado pelo executivo municipal à Câmara Municipal:
“…O que se pretende com a autogestão é romper com a estrutura de hierarquia, imposta pelo modelo capitalista, e colocar todos os trabalhadores e trabalhadoras em condições de igualdade. Desta forma, uma das propostas deste projeto é possibilitar o envolvimento dos agentes desses grupos em cursos gratuitos, com temáticas que venham a facilitar o desenvolvimento deste trabalho, para que recebam fundamentação teórica para sua prática. Hoje, a Política Municipal de Trabalho e Economia Solidária visa contribuir para a redução das desigualdades sociais e para a melhoria da qualidade de vida em Santo André, por meio do fortalecimento da participação social, da promoção do trabalho decente e da economia solidária. Os programas fundamentais são: Centro Público de Emprego Trabalho e Renda – CPETR, Central de Serviços Autônomos – CSA, Banco do Povo Crédito Solidária e Incubadora Pública de Economia Popular e Solidária – IPEPS. A política de fomento à economia popular e solidária traz benefícios para a sociedade como um todo, mas principalmente para os empreendimentos envolvidos por essa política, pois promoverá a sobrevivência material destes, o desenvolvimento do espírito democrático, aumento de renda familiar, reativação da vida comunitária etc., construindo, então, uma maior consciência social e política. A efetivação dessa política também tende a provocar o crescimento expressivo deste número de empreendimentos solidários, assim como a alteração do perfil do mercado que, por sua vez, promoverá o maior desenvolvimento local. É provável também que, futuramente, haja diversificação de atuação desses empreendimentos solidários, como, por exemplo, na prestação de serviços, o que gerará novos postos de trabalho. Atualmente, estes empreendimentos têm uma série de dificuldades de sustentabilidade, possuem um baixo nível de capitalização e, conseqüentemente, reduzidas escalas de produção, fragilizando as estruturas e estratégias de comercialização, o que acaba comprometendo profundamente a estrutura almejada. Neste momento, a política de fomento à EPS apresenta-se como solução para transpor esses desafios de sustentabilidade enfrentados, o que é fundamental para o sucesso das mesmas”[22]
A relevância do projeto de lei enviado à Câmara de vereadores de Santo André consistia no fato de possibilitar a consolidação e manutenção dos programas e projetos em andamento na área da Economia Popular e Solidária, bem como na possibilidade de outras iniciativas.
Em Junho de 2008, é votada a lei N.º 9.058/2008 que institui o programa Economia Solidária na cidade de Santo André e autoriza a formalização e estruturação de equipamentos públicos para fomento, abrigo, apoio, desenvolvimento e consecução dos objetivos da lei.
Esta lei foi aprovada graças aos esforços da sociedade civil organizada em um fórum de trabalho e economia solidária que dialogou fortemente com o Executivo e o Legislativo culminando na aprovação da lei 9058 no dia 26 de Junho de 2008.
“…Os equipamentos propostos pela lei (Centro Público Emprego Trabalho e Renda – CPETR, Incubadora Pública de Economia Solidária – IPEPS, Central de Serviço Autônomo CSA e outros) uma vez articulados objetivavam consolidar num processo de ação e reflexão a politica de fomento a economia popular e solidaria de forma a trazer benefícios para a sociedade como um todo, mas principalmente para os empreendimentos envolvidos por essa política. na promoção da sobrevivência material destes com o desenvolvimento do espirito democrático e associativo, aumento e gestão da renda familiar, valorização da vida comunitária e a participação nos espaços de decisão etc., construindo, então, uma maior consciência social e de necessidade da participação política..”[23]
3. A EDUCAÇÃO DE JOVENS ADULTOS
3. 1 A Educação de Jovens e Adultos no Município de Santo André
No mundo do Trabalho a escolarização pode ser um requisito considerável. Por conta disto e também por outros motivos há uma parcela da população que são estimuladas a retomar ou começar os estudos. E muitas pessoas recomeçam ou começam na alfabetização.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases – LDB – cabe ao estado cuidar do ensino médio e ao município a tarefa de cuidar do ensino fundamental, infantil e primário.
Santo André, desde os finais da década de 90 até o ano de 2008, continuou com o ensino de jovens e adultos dentro da estrutura administrativa da Prefeitura e manteve o acesso ao ensino de alfabetização também através de convênio com entidades para a manutenção do movimento de alfabetização – MOVA.
“…A educação de Jovens e Adultos no Município de Santo André, tem atualmente, 3800 alunos do curso regular de EJAI e EJAII e 500 alunos dos cursos livres profissionalizantes além de 600 alunos do programam Brasil Alfabetizado. idade dos alunos vai de 15 a 85 anos, a maioria possui condições econômicas menos favorecidas e não tiveram oportunidades de concluir seus estudos por diferentes motivos. Atendemos alunos vindos de diferentes regiões do Brasil, sendo que 228 alunos são portadores de necessidades especiais diversas. São alunos de inclusão que recebem atendimento de especialistas além das Disciplinas obriga. O Departamento de Educação de Jovens e Adultos a partir de 2009, além dos conteúdos das Disciplinas obrigatórias, implantou a “semana cultural” que acontece em Novembro de cada ano letivo. Os temas trabalhados nessas semanas são conclusões de projeto trabalhado pela rede durante o ano letivo por professores e alunos de forma interdisciplinar. A semana cultural culmina com a Feira Cultural, com exposições de trabalhos realizados pelos alunos durante o ano letivo. Esses trabalhos possibilita aos alunos a expressão através da arte: pintura, colagem, escultura, colagens, música, teatro, releitura de obras, entre outros. Os projetos lançados a cada ano letivo, juntamente com as semana e feita cultural tem entre seus objetivos específicos, atender a Lei 10326 que trata do trabalho com indígenas e Africanidade obrigatórios no currículo. [24]
Em 2010 o Projeto: Feira das Nações Copa do Mundo 2010 e realizou a feira cultural com tema voltado para o futebol e aí buscou focar os países envolvidos. Em dezembro de 2011 a feira foi realizada com foco nas regiões do Brasil e cada escola trabalhou um tema que retratava o país em foco e sua respectiva cultura.
Conforme informações obtidas no Departamento de Educação de Jovens e Adultos da Prefeitura de Santo André, faz parte do planejamento anual a realização de feiras de cultura, onde se cria um ambiente que possibilita aos alunos a expressão através da arte, pintura, releitura de obra. Estes eventos segundo o projeto – que visa um trabalho interdisciplinar -“são excelentes temas motivadores para o desenvolvimento do conhecimento e das habilidades curriculares” o projeto das feiras de cultura tem entre seus objetivos específicos: “conhecer as várias etnias e culturas, valorizá-las e respeitá-las, repudiar a discriminação baseadas em diferenças de raça, idade, religião,classe social, nacionalidade e sexo para ampliar o processo de humanização do educando”[25]em termos metodológicos, as feiras buscam um trabalho interdisciplinar contemplando os aspectos políticos, econômicos, sociais,culturais e religiosos de cada comunidade/país abordado.
Em 2010 as realizações levantaram como “bandeira” duas citações de Paulo Freire com as seguintes afirma
“…uma das grandes, se não a maior, tragédia do homem(…), está em que ele é hoje dominado pela força dos mitos e comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, e por isto vem renunciando cada vez, sem saber, a sua capacidade de decidir. Vem sendo expulso da órbita das decisões. As tarefas do seu tempo não são captadas pelo homem(…) mas a ele apresentadas por uma “elite” que as interpreta e lhas entrega em forma de receita, de prescrição a ser seguida.”[26]
“… somente o ser que é capaz de sair de seu contexto, de “distanciar-se” dele para ficar com ele; capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o saber-se transformado pela sua própria criação; um ser que é e está sendo no tempo que é seu, um ser histórico, somente este é capaz, por tudo isto, de comprometer-se”.[27]
Considerando que as atividades culturais na Comunidade escolar da EJA de Santo André, têm ocorrência sazonal- em eventos – não estando portando estruturada em toda a rede, e diante do desafio de refletir economia solidária com alunas/os, procuramos utilizar recursos da música em sala de aula para construir ambiente favorável que possibilitasse a reflexão.
A compreensão do conhecimento obtido a partir dos contatos com os Departamentos e secretarias citados ao longo do documento, nos leva a reiterar nossa intenção de contribuir com o material ainda não existente no currículo da EJA. A discussão em tempo real com a vida cotidiana e o desenvolvimento curricular em temas como Trabalho e Economia Solidária sentimos ser necessárias no plano curricular e aí com a orientação do Curso da CUFSA/UFABC/MEC, fomos até as salas para conviver com as pessoas da comunidade do aprendizado para verificar a possibilidade da cultura na abertura dos caminhos para um diálogo aberto nas comunidades.
3.2 – Experiências com arte na educação de Jovens e Adultos
O presente trabalho foi desenvolvido a partir de conhecimentos e pistas adquiridos durante as aulas presenciais na UFABC, e de experiências com alunos e professores na EMEIEF Carolina Maria de Jesus. Envolveu a utilização dos conhecimentos adquiridos para a idealização de projeto e desenvolvimento de um jardim na escola como parte do projeto articulador do qual fizeram parte também uma composteira, oficinas com professoras/os e alunas/os para discussão da Política Municipal de Economia Solidária, oficinas em sala de aula com alunas/os da EJA I e II e um evento para a manifestação cultural e artística de uma parte da comunidade escolar.
Por fim, para formulação das análises, foram utilizadas informações contidas no pensamento de autores como Paul Singer, Carlos Brandão, Karl Marx, trabalhos de especialistas formados no Centro Universitário Fundação Santo André, pesquisas eletrônicas – vide referências no final da monografia – e entrevistas com servidoras/es do Departamento de Educação da Prefeitura de Santo André e Secretaria de Desenvolvimento e Trabalho.
3.3. A arte como elemento de aprendizagem no meio escolar
Segundo Carlos Rodrigues Brandão:
“… a educação pode existir livre e, e entre todos, pode ser uma maneira que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida”. O mesmo autor afirma ainda que a educação também pode de outro lado, existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos. [28]
Se o individuo resulta do meio como afirma Karl Marx, logo o conhecimento intelectual de uma pessoa é resultado da interação dele com o meio e não somente por si mesmo. Dessa forma, o meio pode se materializar de muitas maneiras e são justamente essas variações que podem diversificar as metodologias didáticas aplicadas no processo ensino-aprendizagem, independentemente da disciplina que se deseja trabalhar, nesse caso o mediador do procedimento é o educador.
Segundo Eduardo de Freitas, o convívio com a música no ambiente escolar provoca uma melhora significativa no humor das pessoas. Alem disso as letras das músicas trazem possibilidades de aproveitamento no processo de aprendizado, na afirmação de raízes culturais, desenvolvimento de vocabulário etc. O referido autor nos diz que:
“ A música tem notadamente uma capacidade de persuasão na sociedade, pois através dela é possível transmitir não somente palavras, mas também sentimentos e ideais que podem ganhar grandes repercussões didáticas se bem direcionadas. A música como alternativa didática aguça o interesse do aluno, que muitas vezes sem perceber se encontra totalmente envolvido no processo, uma vez que o conjunto de palavras contidas no texto da música é aproveitável em distintas temáticas como ponto de partida na construção do ensino-aprendizagem. O convívio do aluno no ambiente escolar associado à música provoca uma significativa melhoria no humor, desse modo produzirá um ambiente com indivíduos mais alegres que tendem a serem mais motivados a participar das atividades escolares. Além disso, o uso da música na escola provoca também um melhor relacionamento entre os alunos, facilitando trabalhos coletivos e contribuindo com a perda da timidez, favorecendo a linguagem corporal. Diante das afirmativas, fica explícito que a musicalização contribui diretamente no desenvolvimento cognitivo, lingüístico, psicomotor e sócio-afetivo do aluno/a, independente de sua faixa etária. A música promove em alunos com necessidades especiais uma maior inserção no convívio social. É notável em uma sala de aula que a música utilizada como base curricular em diferentes disciplinas é de extrema importância, pois garante um resgate do aluno para com o conteúdo e seu educador. O simples fato de ter uma música no ambiente escolar, enquanto são desenvolvidas explicações de conteúdos didáticos, já favorece em um melhor comportamento disciplinar por parte dos alunos no transcorrer da aula”. [29]
Considerando que as pessoas diferem também por estilos, culturas, religiões, preconceitos étnicos e regionais, raciais, etc., partimos para a realização de atividades dentro das salas de aula com a missão de utilizar a arte como instrumento de interação, como recurso didático para abrir caminho, conhecer o cenário e preparar o “terreno” para reflexão sobre os gostos musicais e diferenças educacionais e culturais. E a partir daí desenvolver no processo de as formas de como entender a situação do mundo do trabalho no cenário capitalista e pensar na possibilidade de uma outra sociedade que seja baseada numa economia solidária. Onde as pessoas têm mais valor que o lucro, conforme apêndices 1 e 2.
Em todas as salas da EJA I onde realizamos as oficinas, refletimos com os alunos/as sobre o significado da palavra “economia” que vem do grego OIKÓS NOMOS que quer dizer zelo, regras, cuidados para com o lar. Ao final das manifestações introduzimos uma reflexão sobre possibilidade uma economia que valorize o desenvolvimento tecnológico sem deixar de lado a valorização das pessoas que vivem do trabalho. Que valoriza mais as pessoas do que o dinheiro. Uma Economia que seja solidária, que convida cada pessoa a se colocar no lugar da outra, ao contrário do estímulo à competição.
Na atividade 1, (conforme Apêndice 1) foi perguntado como cada uma/um viu ou sentiu as mudanças no mundo do trabalho e se era possível a organização do trabalho em grupo. Foram dados testemunhos de trabalho na roça, de como plantavam, de como colhiam o milho, o feijão e outros cereais e como estas plantações são colhidas hoje com uso das máquinas. Uma parcela dos participantes conseguiu explicitar pensamentos considerando que é possível trabalhar valorizando as pessoas e que o dinheiro deve servir para trocar as coisas mas não deve ser mais importante que as pessoas.
De acordo com os objetivos das atividades houve reflexão sobre a importância do trabalho na vida das pessoas. Houve várias manifestações do tipo: “depois de Deus o trabalho é tudo na vida, conforme apêndice 1; “sem trabalho não me sinto como gente de verdade”
As expressões objetivas e subjetivas observadas durante as atividades podem nos conduzir à afirmação de que todas ou praticamente todas as pessoas presentes nas atividades estavam cônscias dos resultados do desenvolvimento das forças produtivas e a conseqüente desestruturação do mercado e exclusão dos postos de trabalho tradicionalmente conhecidos e/ou a inclusão precária.
A descrição das formas como se executavam algumas atividades do trabalho anterior destas pessoas é fundamental para discutir como estas atividades são feitas hoje. Se num passado próximo colhia-se café sob a poeira vermelha e o vento gelado do inverno do sul Paranaense hoje as colheitadeiras mecânicas são mais confortáveis, tem ar condicionado, a economia precisa de menos gente e colhe – se muito mais café. Com isto aproveita-se mais a colheita, pois fica menos sujeita às chuvas e ventos. Mas ainda assim, pergunta-se: quais as vantagens e desvantagens para os que trabalhavam nos cafezais? Cortar cana, trabalhar com enxadas sob sol forte, ou entre fornos de fundição a 1200 graus centígrados – assim como apanhar café sob os ventos gelados do sul – são atividades que desgastam e seria bom que uma máquina ajudasse a fazer. Por outro lado quando perguntamos onde vão ficar as pessoas que cortavam a cana, vem a resposta: elas vão ficar sem trabalho. Aí fica um sentimento de que é melhor cortar cana a 60 graus do que descansar na sombra sem trabalho.
Pela experiência com o diálogo entre as pessoas que viveram e vivem as conseqüências deste desenvolvimento baseado na exclusão, o melhor seria sim fazer o trabalho, as atividades com ajuda das máquinas, mas deveria se fazer um esforço para manter as pessoas trabalhando.
Na atividade 2 (conforme Apêndice 2) refletimos: 1) a importância de se colocar no lugar do outro; 2) a produção cultural respeitando cada pessoa e a participação de cada um; 3)que precisamos uns dos outros, ser solidário também é interdependência mas por livre escolha.; 4) a obsolescência nos produtos culturais e entrosamento através da arte para reflexão e ação coletiva na sensibilização para a sociabilização partindo do entendimento de que existem as diferenças; 5) cultura como resistência; 6) os conflitos advindos das diferenças de gostos e opções e orientações de; 7) “O cuidar do lar”, da sociedade de forma solidária; 8 ) consumo, religião, cultura etc.
Também foi refletido sobre os malefícios do individualismo que o capitalismo inspira e possibilidade de um modo de produzir e distribuir cultura e outros produtos se colocando no lugar uns dos outros.
3.4 Conclusões a partir das atividades na escola
O material recolhido durante a realização das atividades I e II foi de extrema riqueza tendo em vista que houve expressões de sentimentos quanto à sociedade economia e outros temas que podem certamente ser traduzidos em ações que ao longo do tempo podem com certeza contribuir para o aprendizado e certamente a transformação de pessoas que assistem e aceitam as decisões de cima para baixo, em pessoas que discutem e decidem suas vidas, que exerçam a cidadania a partir do reconhecimento e da visão de si e para si.
Ficou bem transparente que um elemento articulador faz a diferença para a reflexão de assuntos que muitas vezes ficam engasgados no individualismo enquanto a opressão ocorre por falta de entendimento das partes. Por exemplo: no caso da música – se for usada de uma forma planejada partindo do pressuposto de que as diferenças são intrínsecas – possibilita o desenvolvimento intelectual e a interação do indivíduo no ambiente social.
4. RESULTADOS E PERSPECTIVAS
As atividades desenvolvidas nas salas da EJA somadas às contribuições obtidas no contato com o Departamento de Educação de Jovens e Adultos- DEJA- da Prefeitura de Santo André aumentam a convicção de que é preciso aprofundar o envolvimento da arte e da cultura nas escolas. As propostas contidas no projeto “No compasso do poder” (PDF, 10Mb) apontam um dever ser da relação arte e cultura como componente indispensável nos processos da relação ensino aprendizado. Aponta a necessidade de ir mais profundamente à estruturação da rede para o atendimento desta demanda.
Há que considerar que nas oficinas se expressaram gostos musicais distintos, mas com confiança foi possível criar bons ambientes em sala de aula que favoreceram a manifestação espontânea de pensamentos, valores, crenças, alegria, angustias, desejos, sonhos, tolerância, intolerância, cansaços, houve destacados momentos em sala de aula, por exemplo, quando uma aluna da sala da EJA I –se referindo ao “FUNK” – pergunta se não tinha alguma forma de os ministérios da educação, cultura e comunicações intervirem para regulamentar o tipo de linguagem, o volume do som nas ruas. Segundo outro aluno na mesma oficina, solução para o bom convívio com os “funkeiros” e baixar o som e subir o nível das letras.
Estas manifestações em muito cooperam para o entendimento de necessidades básicas para acertar conflito dentro de uma visão didática e pedagógica. Qual é o papel do estado? Pessoas simples invocam o estado como espírito coercitivo, interventor. E o espaço de decisões da sociedade, da comunidade. É o estado que tem o dever de resolver os conflitos e diferenças no interior da comunidade… Por outro lado também nas oficinas se expressou espontaneamente desejo de decisões dialogadas sem imposições do estado ou nenhuma outra força que não fosse o espírito do entendimento.
4.1. Diante das considerações feitas até aqui propomos:
Capacitação de oficineiros/as – músicos/as, artesãos/ãs, dramaturgos/as, instrutores para gestão de empreendimentos entre outros de forma a construir um ambiente que permanentemente disponha de produtos da arte, artesanato, culinária, marcenaria e outros para exposição nas feiras de trabalho cultura e Economia Solidária. Estas feiras podem ser abrigadas na lei 9058/2008. Os instrutores para gestão podem vir do orçamento da Ecosol previsto na Lei Orçamentária Anual – LOA – em vigência. Os recursos para oficineiros de música teatro etc. podem ficar no orçamento da cultura. Os produtos desse processo podem ser mostrados e comercializados dentro de programas com apoio da prefeitura e os resultados serem distribuídos entre os empreendimentos envolvidos para o desenvolvimento de seus projetos e aprendizado da gestão, na distribuição dos recursos necessários a consecução dos objetivos ser apresentados e comercializados produtos oriundos das oficinas. Esta feira de cultura e trabalho da EJA enseja a oportunidade da interação trabalho educação e cultura. Ou seja; esta feira deve se tornar ambiente de aprendizado sócio-político –econômico e educativo- cultural.
Além da exposição e comercialização dos produtos eles podem ser utilizados nas atividades escolares e nas comunidades. Neste sentido, urge trabalhar com alunas/os da EJA conceitos práticas e política Pública de Trabalho e Economia Solidária da cidade de Santo André. A partir daí caminhar com todos os elementos necessários em termos de produção de comportamentos pedagógicos e instrumentos didáticos considerando a práxis para as mudanças de comportamentos e construção de ambiente de aprendizado orientado na participação nas tomadas de decisões, com empoderamento/pertencimento dos participantes das comunidades como um todo.
Um estreitamento das relações entre a comunidade da EJA (professores, alunos e sociedade) e as políticas públicas de Trabalho, cultura e Economia Solidária no âmbito do poder público e das instituições da sociedade civil.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nas atividades desenvolvidas e a convivência com alunas/os e professoras/os da EJA em Santo André, é possível afirmar a necessidade de introduzir no currículo da EJA uma contribuição que aponte para o uso da arte como instrumento de articulação e estimulo para a reflexão de questões que envolvem o dia a dia e a explicitação da contradições entre as diferentes formas de se expressar educacional e culturalmente, bem como mecanismo para criar espaços onde se reflita e aponte direcionamento para decisões de forma a aliviar as pressões ensejadas pela necessidade de conviver com as diferenças num espaço comunitário coletivo e discutir com profundidade metodologias de interação entre os diferentes.
Considerando que os alunos da EJA são provenientes de famílias na sua ampla maioria vindas de diversas regiões do pais , que deixaram suas terras a por questões climáticas ou por força da acumulação de capital; e mais, que ao chegar ao grande centro urbano formaram uma classe de trabalhadores atendendo as necessidade do capitalismo fabril oferecendo mão de obra no mercado de tralho; considerando ainda que com o desenvolvimento das forças produtivas parte desta população foi excluída ou incluída precariamente, acreditamos ser urgente desenvolver formas de discutir com todas estas comunidades uma outra forma de trabalho sem ter o emprego como pressuposto para ocupação. Assim,. refletir Economia Solidária dentro da comunidade discente da EJA torna-se uma questão sine qua non para propiciar perspectivas de desenvolvimento humano e cidadania através de uma comunidade para o trabalho.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. 17ª ed. – São Paulo: Brasiliense, 1981. – Coleção Primeiros Passos; 20.
CAZETTA, Noé Humberto -monografia CUFSA- 2208
COSTA, Vilson Rodrigues – Monografia CUFSA – 2008
DIEESE Tópicos Preparados pela sub seção. Sindicato dos Metalúrgicos do ABC outubro de 1997
FREIRE,Paulo. 1981 p 43
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia Alemã, 3ª ed. – São Paulo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1982.
MARX, Karl e ENGELS Friedrich. Burgueses e Proletários 1883
Sumário de Dados Santo André, 2002
SINGER, Paul. Introdução a Economia Solidária – São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002.
De Desenvolvimento Econômico e Trabalho
Departamento de Educação de Jovens e Adultos
Incubadora Pública de Economia Popular e Solidária – IPEPS -2012
http//educador.brasilescola.com/orientações/musica.educação.htm (21/03/12-16:27:30)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_solid%C3%A1ria (05-04-12 1058h)
APÊNDICES
ANEXOS
- Projeto No Compasso do Poder, da professora Maria Jose da Silva Machado, 2010.
- Lei N.º 9.058/2008, que institui o programa Economia Solidária na cidade de Santo André
- [1] MARX ENGELS. A ideologia Alemã, 1982,↩
- [2] MARX ENGELS. A ideologia Alemã, 1982, p.29 ↩
- [3] SINGER, Paul, Introdução a Economia Solidária. 2002..↩
- [4]DIEESE Cadernos – Subseção metalúrgicos do ABC 1997↩
- [5] STUART, apud MARX, O Capital↩
- [6] Marx, Engels – Burgueses e Proletários 1883↩
- [7] SINGER, Paul, Introdução a Economia Solidária, 2002, p. 8 ↩
- [8] SINGER, Paul, Introdução a Economia Solidária, 2002, p. 25↩
- [9] http://www.campograndenews.com.br/artigos/os-principios-da-economia-solidaria↩
- [10] SINGER, Paul, Introdução a Economia Solidária, 2002,↩
- [11] Atlas da Economia Solidária no Brasil 2005/2007. ANTEAG –SP – NT Mendes Editora Pag. ↩
- [12] http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_solid%C3%A1ria 05-04-12-17 10h↩
- [13] Atlas da Economia Solidária no Brasil 2005/2007. ANTEAG –SP – NT Mendes Editora pag. 23↩
- [14]Anuário de Santo André 2011 ano base 2010↩
- [15] CAZETTA, Noé Humberto. “ Gestão de Coleta Seletiva com Inclusão Social e a Situação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Santo André”. monografia de especialização Centro Universitário Fundação Santo André -2008.↩
- [16]COSTA, Vilson Rodrigues. “ Implantação das cooperativas de triagem e as pessoas catadoras em Santo André”, monografia de especialização . Centro Universitário Fundação Santo André-2008↩
- [17] Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho/Departamento de Geração de trabalho Emprego Qualificação e Renda ↩
- [18]Prefeitura de Santo André, Departamento de Geração de Trabalho Emprego, Qualificação e Renda.↩
- [19]Grifo Nosso↩
- [20] Prefeitura de Santo André, Departamento de Geração de Trabalho Emprego, Qualificação e Renda.↩
- [21] Prefeitura de Santo André, Departamento de Geração de Trabalho Emprego, Qualificação e Renda. ↩
- [22] Prefeitura de Santo André, Departamento de Geração de Trabalho Emprego, Qualificação e Renda↩
- [23] Prefeitura de Santo André, Departamento de Geração de Trabalho Emprego, Qualificação e Renda. ↩
- [24] Prefeitura de Santo André, Departamento de Educação de Jovens e Adultos↩
- [25] Prefeitura de Santo André, Departamento de Educação de Jovens e Adultos ↩
- [26] FREIRE, 1981 P 43↩
- [27] FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.↩
- [28] BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação, 1986, p 10↩
- [29] FREITAS, Eduardo. Graduado em Geografia. Equipe Brasil Escola) http//educador.brasilescola.com/orientações/musica.educação.htm (21/03/12-16:27:30↩