Objetivos da prática pedagógica:
Trabalhar conceitos básicos como:
- cores;
- espacialidade;
- formas geométricas.
Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Alunos adultos com autismo, deficiência intelectual e paralisia cerebral.
Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
- Trabalho com cores – usando de tudo que o ambiente fornece de cores: alimento, roupas, objetos, plantas e etc.
- Realização de jogo de memória focado na utilização das cores.
- Atividades com formas geométricas para desenvolver noções de espaço (maior e menor, grande e pequeno, cheio e vazio, etc.)
Recursos necessários para a aplicação:
Papel sulfite, lápis de cor, giz de cera, cola, tesoura, anúncios de jornais e revistas, figuras diversas de alimentos, diferentes caixas com tamanhos diversos e quebra-cabeça de formas geométricas;
Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Thais Godoy é professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I da Prefeitura de São Paulo há 3 anos. Atua em sala de apoio e acompanhamento a inclusão (SAAI) desde 2010.
Essa prática foi desenvolvida para trabalhar com os alunos conceitos básicos como:
- cores;
- formas geométricas;
- noções de espaço;
- maior e menor, alto e baixo, grande e pequeno, cheio e vazio, etc;
- aumento do vocabulário.
Em muitos casos, os alunos chegam ao CIEJA sem esses conceitos, o que impossibilita o desenvolvimento do trabalho no dia-a-dia. Apresentam histórico de anos em instituições ou mesmo anos em suas casa saindo apenas para consultas médicas.
E após avaliação, percebi que não possuem conceitos simples para o inicio da alfabetização, não desenvolveram na infância por diversos motivos e assim, para que pudesse iniciar meu trabalho, planejei atividades sobre esses conceitos para prosseguir com os demais trabalhos.
No primeiro momento, iniciei a atividade com uma conversa a partir das cores. Trabalhei discutindo sobre as cores dos alimentos, das roupas que usavam, dos times de futebol e de tudo que nos cercava no ambiente escolar (céu, árvores, objetos entre outros), buscando apontar e separar as iguais mesmo sem saberem os nomes das cores. Isso registramos em seus cadernos, desenhava bolas e eles tinham que pintar com as cores que encontramos, e depois, desenhavam algum objeto correspondente a cor. Exemplo: amarelo – o desenho do sol.
Então foquei as cores relacionando com os alimentos. Utilizamos de jornais de propaganda de mercado, selecionamos e separamos as figuras de frutas e os lápis da cor que representava a fruta, colamos em seus cadernos separando pelas cores.
Assim fomos relacionando e comparando com tudo que nos fornecia alguma cor, como por exemplo: suas roupas, os times de futebol (principalmente no caso dos meninos) e nas cores que o ambiente de sala de aula trazia, como o verde da cadeira que comparamos com o verde das folhas do jardim. Tudo que pude usar como referência para cor usei, isso ajudou também no aumento do vocabulário, pois em determinados casos, possuíam um vocabulário muito restrito sobre alimentos e objetos, devido ao pouco incentivo durante suas vidas.
Esses processos simples ajudaram nas comparações dos iguais e diferentes, na ordenação, no aumento da atenção para o que tinham ao redor, pois muitos dos alunos não conseguiam observar esses detalhes devido à limitação que sempre tiveram.
Depois de muito abordar tudo que nos cercava e suas cores, montei com cada aluno um jogo da memória, com quadrados de papel onde tiverem que pintar dois da mesma cor e assim por diante. Selecionei somente as cores mais comuns para iniciar esse jogo: branco, amarelo, azul, preto, rosa, verde e vermelho, as cores que mais abordamos. Cada um fez o seu e após jogávamos em pequenos grupos, que além de terem que encontrar a cor igual, sempre tentávamos encontrar uma fruta, objeto ou comparar a roupa do colega para corresponder a cor da peça. Percebi que muitos, mesmo com interferências e comparações, tinham muita dificuldade para assimilar esses conceitos.
Tudo tinha que ser sempre retomado, frutas, objetos e tudo que usássemos relacionando as cores. Alguns casos de deficiências limitam a parte da memória, o que faz que com que sempre seja retomado esse processo.
Depois iniciei o trabalho com as formas geométricas. Usei de diferentes tamanhos para trabalhar maior e menor, dentro e fora, cheio e vazio e assim por diante. Tinham que observar as formas entregues a eles em uma sulfite. Após observar, eram questionados se as formas eram iguais ou diferentes, e as respostas eram as mais variadas, iguais e diferentes.
Assim, tinham que cortar (muitos também aprenderam a usar a tesoura nesse momento), separar as iguais, separar por tamanho, pintar com as cores indicadas e depois colar em seus cadernos. Nessa folha tinham formas com objetos dentro e outras vazias (exemplo: quadrado com desenhos de 3 canetas), mesmo sendo do mesmo tamanho muitos dos alunos diziam ser todos iguais, não percebiam a diferença entre cheio e vazio.
Depois de todas as formas separadas corretamente, era colado no caderno respeitando as coordenadas iniciais.
Esse trabalho aconteceu de forma lenta, eram muitos conceitos a serem abordados e assimilados pelos alunos. Em suas dificuldades, buscava sempre novas formas da atividade acontecer para tentar chegar ao objetivo ou parte dele, e em suas conquistas, sempre ressaltava tudo que haviam realizado dando a eles novos desafios.
Todo esse processo ocorreu respeitando sempre o ritmo e o desenvolvimento de cada aluno. Alguns conseguiram assimilar os conceitos que foram propostos no início, outros alunos ainda continuam no desenvolvimento do processo.