Autor da prática: Flávio Ventura
A aula foi elaborada pela professora Isabel em colaboração com a Assistente Pedagógica Maria e o Coordenador de Serviços Educacionais Flavio Ventura. Juntos aplicamos a aula na sala da professora Isabel que é uma sala de pós alfabetização.
A proposta para essa aula era reapresentar a economia solidária como uma alternativa a visão capitalista de resolução de problemas. A aula iniciava com a professora apresentando uma situação conflituosa e solicitando aos alunos para apresentar soluções que atendesse os interesses de todos os envolvidos se possível torno-os um só. A escolha dessa atividade buscava uma relação direta com o trecho do texto I Oficina Nacional de Formação/Educação em Economia Solidária (documento final) – 3º. Parágrafo da página 15 “A educação/formação em Economia Solidária implica a construção de novas relações entre as pessoas e, também, entre elas a natureza (da qual os seres humanos são parte integrante). Estimulando processos de trabalho e práticas socioambientais que respeitem e preservem a biodiversidade da flora e fauna, assim como os demais elementos que compõem o meio ambiente. As práticas educativas buscam o reencontro dos seres humanos consigo mesmo, com o planeta e com o universo”.
A partir desse ponto, foi proposto um texto/situação conflito divido em duas partes: a primeira falava de uma barragem em um açude que estava com problemas na sua estrutura e prestes a romper. A segunda parte retratava as condições de vida das pessoas que moravam próximos a essa barragem. Segue abaixo o texto na integra.
Alguns moradores da zona rural de um pequeno município no oeste baiano estão com um problema. O açude que abastece a região apresentou problemas na barragem de contenção, muito antiga e rudimentar. Esses moradores dependem do açude e por isso precisam se reunir para juntos solucionar o problema. Os moradores envolvidos são:
- Seu JOVELINO cria cabras e vende sua produção de leite para um laticínio que fica na cidade vizinha;
- DONA JUVÊNCIA também cria cabras, mas em pequena quantidade. Ela faz queijos que são vendidos na feira da pequena cidade próxima à suas terras. Os queijos são uma preciosidade e já nas primeiras horas do dia Juvência vendeu todos.
- SEU ALTAMIR e DONA NENA produzem em seu pequeno sítio produtos como abóbora, mandioca e verduras. Eles têm ainda uma modesta produção de frutas.
- MARGARIDA e ANTONIO todo anos capricham no roçado de milho e feijão. Fora isso eles ainda criam porcos.
Após a apresentação da situação problema foi realizada uma roda de conversa. Após o intervalo os alunos sistematizaram as idéias e fizeram um registro escrito coletivo.
Os alunos tiveram a oportunidade de colocar suas idéias frente a perspectiva de resolver um problema de acordo com os princípios da economia solidária que haviam sido trabalhados pela professora.
Analisando toda a situação apresentada, existem uma série de noções que precisam ser repensadas para garantir melhores condições para a vida humana. Em primeiro lugar, em nenhum momento os alunos pensaram no impacto ambiental que uma barragem pode causar em uma determinada região. A biodiversidade da flora e da fauna e dos demais recursos naturais não são respeitados. Utilizar a natureza como fonte inesgotável de produção ainda é uma idéia estabilizada na mente deste grupo de alunos. Quanto às relações humanas, foi possível perceber que houve uma mudança. A cooperação e as relações em comunidade ficaram num passado distante nas comunidades do interior. A vida nos grandes centros não abre possibilidade para esses conceitos. Nos relatos dos alunos foi possível sentir um certo saudosismo ao falar da vida no interior do Brasil e nas relações que eram estabelecidas por lá.