Ficha Síntese da Prática Pedagógica
Objetivos da Prática Pedagógica:
Introduzir reflexão sobre Economia Solidária nas salas da EJA 1
Característica do grupo a quem foi aplicada a prática:
Grupo de alunas e alunos de EJA da EMEIEF Carolina Maria de Jesus no Bairro Cata Preta em Santo André.
Dinâmica de trabalho adotada na prática pedagógica:
Levantamento de músicas e poesias que apareceram e rapidamente foram para obsolescência.
Estilos de dança, música que mais lembramos e reflexão sobre o significado desta música, ou poesia para cada pessoas que esteja participando da oficina,
Introdução da discussão buscando entender a forma de expressão de cada um e respeitando as diferenças,.
Entrosamento entre as diferenças
Execução das obras escolhidas.
Recursos necessários para aplicação:
- Letras de músicas e poesias, uma pessoas conhecedora das músicas levantadas;
- Um músico para acertar tonalidade e ensaiar com o pessoal para cantar todos juntos em eventos da escola.
- Caneta, papel, máquina fotográfica;
Breve currículo do autor da prática pedagógica:
Vilson Rodrigues da Costa – Professor da rede pública até 1995, formação em Ciências Sociais, Economia Popular e Solidária e Gestão Ambiental.
Deseja ser contatado por outros professores: Sim
( x ) e-mail vkauka@gmail.com particular– vrcosta@santoandre.sp.gov.br trab.
( ) telefones ( x) 68056068 ; ( 11 ) 4979 3699 – Trabalho
Relato da atividade II – Atividade: Trabalho e Humanidade
Desenvolvimento da atividade I – Relato do trabalho executado; Proposta de roteiro; conteúdo e metodologia
Recursos a utilizados
- Providenciamos músicas e outros produtos culturais que entraram nos mercados,foram consumidas e se tornaram obsoletas em tempo curto (todos os estilos, sertanejo, pagode)
- Providenciamos letras de musicas regionais, letras de músicas que tratam de temas específicos: trabalho, mulher, homem, amor, sexo, espiritualidade, exploração de classes, meio ambiente, cordel e outros.
- Disponibilizamos a algum material e solicitamos apoio das professoras para colaborarem na seleção.
- Reunimos as salas do EJA I em um só local
- Levantamos os estilos de que algumas pessoas não gostam e propusemos trabalhar com essas pessoas uma forma que as levem a aceitar fazer uma experiência de aprender a música, poesia e apresentar no final da experiência.
- Formamos grupos afins ensaiar os trabalhos com as modalidades de arte que se predispuserem nas salas
- Fazemos a interação com um coletivo – participantes e formadores. No final apresentamos as experiências (músicas, poesia, teatro, dança…) abrindo para comentários dos presentes sobre o conteúdo dos temas e como foi a experiência individual.
- Verificamos a importância de trabalhos – obras – (música, poesia etc) que duraram através dos anos em contraposição aos produtos que entra na mídia com uma febre, duram apenas uma temporada e cai no esquecimento.
- Relacionamos isto com a sociedade de consumo que torna obsoleto produtos por conveniência do capital.
- Frisamos a importância do entrosamento do gozo na experiência com o diferente.
Oficinas em sala de aula da EJA I Alfa
Iniciamos falando dos objetivos da atividade que a princípio visa conversar sobre produtos que entram no mercado, provocam um reboliço e depois desaparecem e também produtos que estão no mercado há muitíssimo tempo. Alguns até antes de nascermos. Podemos encontrar exemplos nas artes: cinema, música, carros, eletrodomésticos, eletro eletrônicos etc. Em seguida solicitei que cada pessoa se apresentasse e falasse uma música ou poesia de grande significado para si, podendo ser ela recente ou mais antiga. Quem quisesse também podia ficar à vontade para comentar como estás ou outras músicas ou poesia tratam temas como amor, sexo, a mulher o homem, a natureza, as culturas regionais etc. e , como estas artes tem sido trabalhadas tendo em vista a aglomeração de pessoas com traços distintos tendo que dividir o mesmo espaço a mesma comunidade. E por fim, como se colocar no lugar do outro quando exerço o meu direito de escolha da música de que gosto e do volume de som de que gosto.
A aluna Lourdes lembra da música “Asa Branca” como uma música que fala do sofrimento. Simone : “ a música fala da realidade que a gente vive”. Quanto ao tema “mulher” : antes ela – a mulher era tratada como uma deusa mas hoje chamada de cachorra. O que houve. Porque algum estilos musicais tratam a mulher como “ cachorra” o que está acontecendo.
Neto: As músicas de hoje está longe das músicas da minha infância. Ninguém entende nada. É só para os jovens. Nós que já passamos dos cinquenta, lembramos de Bartô Caleno, josé Ribeiro, Frankito Lopes, Reginaldo Rossi.tem uma música que fala do pai que era roceiro e educou cinco filhos doutores”
Lourdes Lembra da dupla Tonico e Tinoco, Jailson lembra um cantor chamado Carlos Alexandre.
Patricia, Antônio, Maria e Simone manifestam aversão ao FUNK.
Edson; Lembra de uma dupla chamada Caju e Castanha.
Neto: “cada estado tem seu sistema de dança. no sudeste é o FUNK no norte é o Carimbó”
Simone: “Tem música que fala de forma universal. Por exemplo, tem música evangélica que o padre Marcelo canta”
Mônica: “tem música que está muito pesada. Será que o Ministério da cultura não pode proibir.”
Neto: “FUNK, Não tenho nada contra. Mas colocar o som nas últimas, juntam 4 pessoas 2 caixas de cerveja mais drogas. Põe 20 mil reais de som no carro. Começa com 4 pessoas daí a pouco já são 500. E tudo no meio da rua. Ai é só polícia. Se fosse um RAP, legal tudo bem” “.o problema não é o estilo da música e sim o volume do som que é um desrespeito com as pessoa”
Ao termino das manifestações individuais, solicitei que fossem então listadas as músicas e poesias tidas como preferenciais para cada uma pessoa individualmente. Aproveitei também para distribuir algumas letras para ajudar nas escolhas. Ao final foram levantas as seguintes letras de músicas e poesia conforme segue na tabela abaixo:
Continuando, solicitei que fossem eleitas três canções para serem executadas, sendo escolhidas a obras: Asa Branca de autoria de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, Cio da Terra de Autoria de Milton Nascimento e Fernando Brant e Tocando em Frente de Autoria de Renato Teixeira e Almir e mais uma extra com o título de Amizade sincera de autoria de Renato Teixeir.
Apêndice 3 – Visão parcial dos projetos articuladores e o evento cultural
Após a realização das atividades nas salas de aulas ainda em 2011– (APÊNDICE 1 E 2) – organizamos um evento que contou com a presença de aproximadamente 200 pessoas. Neste evento procuramos dar visibilidade assim como trazer em cena a relação entre o trabalho e o desenvolvimento da humanidade.
Iniciamos com a exposição do tema “Mundo do Trabalho” apresentado através de Power Point. A apresentação discorreu sobre a história da humanidade focando os momentos em que as atividades humanas vão evoluindo juntamente com o desenvolvimento das maquinarias. Desde os primeiros passos da atividade humana que pode ser considerada como trabalho, a apresentação retratou: o homem primitivo, as comunidades nômades, as primeiras atividades agrícolas, as revoluções industriais as invenções da máquina à vapor , o motor a explosão, a exclusão dos camponeses a formação do proletariado até o alvorecer da sociedade da informação, da informática , da automação. Dois pontos que destacaram nas apresentações foram: a diminuição visível de postos, com as mudanças drásticas no mundo do trabalho e o aparecimento das primeiras iniciativas de Política Pública voltada para apoiar formas de trabalho sem focar trabalho como emprego. Aí evidenciou-se o alvorecer – em 1997 em Santo André – de uma política pública apontando para outra Economia Solidária. Uma economia solidária, voltada às pessoas e onde o trabalho é mais importante do que o capital. Foi possível realizar oficinas com quatro salas do EJA I e ao final foi realizado um evento envolvendo a escola. Houve a participação de aproximadamente duzentas pessoas no evento.
Terminada a apresentação, fizemos uma reflexão sobre a percepção de cada presente quanto ao assunto apresentado. Nesta reflexão surgiram testemunhos de pessoas que já haviam trabalhado nas lavouras ou em outras atividades fabris e que igualmente haviam visto a substituição de atividades humanas por maquinarias e pessoas sendo expulsas de seus lugares por se tornarem dispensáveis na relação capital.
Continuando a atividade, convidamos os alunos que participaram das oficinas para cantarmos as músicas ensaiadas em salas de aula onde foi destacada a participação através do TEATRO DO OPRIMIDO do aluno Valter – estudante da EJA I alfa – que representou cenas relativas ao meio ambiente. Na música houve contribuições como as dos alunos José Carlos, Geraldo Oliveira e André percussionista que voluntariou para colaborar com os trabalhos. Por questões de tempo e pela inexperiência a participação das/os professoras ficou muito limitada aos que estavam envolvidas/os com o projeto EJA/ECOSOL. Foram executadas as músicas: “tente outra vez” de Raul Seixas, outra vez, e tocando em frente de Almir Sater e Renato Teixeira..
Breves considerações a partir de minhas observações pessoais e genéricas durante a realização das atividades de discussão sobre Economia Solidária, implantação da composteira, projeto e implantação do Jardim e o evento cultural realizado em 2011.
O projeto de composteira foi muito bem orientado e assistido na sua implantação tanto pelo professor Gilson Lameira que foi o orientador como pelos auxiliares dele que deram as orientações para a iniciação do processo. Todos as/os professoras/os envolvidos se dedicaram para o bom êxito da experiência. No entanto ausência do entendimento e compreensão entre a gestão da escola e a comunidade docente e discente da unidade prejudicou o desenvolvimento do projeto. Não houve diálogos entre a gestão e a comunidade escolar no sentido do conhecimento e definição dos limites permitidos em termos exalação de gases odoríferos durante a decomposição dos resíduos orgânicos. A inexistência desta concertação trouxe ações como a remoção dos recipientes com resíduos orgânicos para ambientes inadequados ao processo de compostagem. Com isto foram danificados os sistemas de coleta de chorume. Tendo em vista que houve atrasos na aeração e com isto houve troca de plantão da ação bacteriana. As bactérias aeróbicas cederam o plantão para as anaeróbicas que exalam cheiro desagradável ao olfato humano.
O Projeto de Jardim em sua parte teórica foi muito bem orientado pelo professor Dácio, mas na prática a comunidade docente e discente da Carolina Maria de Jesus não se articulou esforços no sentido de conseguir de desenvolver a área verde proposta. O projeto foi concebido, as plantas foram trazidas. Por dois dias professoras/os – alunos/as da especialização EJA/ECOSOL – fizeram a covas e transplantaram diversas mudas vindas do Departamento de Parques e áreas Verdes da Prefeitura de Santo André – DPAV. A experiência desnudou fatos como a debilidade do solo no fundo da escola. Durante as escavações das covas para plantio foi detectado um solo proveniente de cascalhos de construção civil com altos índices de compactação e com poucas propriedades orgânicas. Uma outra importante constatação também é o fato de a equipe do Pólo Santo André ficou um bocado de tempo sem entender o que tinha a ver um jardim com Economia Solidária. Até que se entendeu que o projeto era uma articuladora para construirmos vocabulários em experiências sensíveis e conseqüentes incluir estas práticas como proposta curricular.